Maior medalhista olímpico do Brasil ao lado de Robert Scheidt, Torben Grael esteve em Florianópolis nesta semana para acompanhar as regatas da Copa Brasil de Vela, que seguem até este sábado em Jurerê e servem como seletiva para a Seleção Brasileira e os Jogos Pan-Americanos de 2019. O agora coordenador da equipe brasileira deve se reunir com os vencedores da competição no domingo para iniciar o planejamento das próximas competições, incluindo os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.
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Antes de entrar no mar para assistir à competição, Torben Grael conversou com o Diário Catarinense sobre a expectativa com o futuro da Vela para os próximos campeonatos internacionais. Além disso, admitiu que há dificuldade em manter atletas jovens no esporte, mesmo com a tradição brasileira em Jogos Olímpicos e Pan-Americanos.
Como está a preparação do Brasil para os Jogos Olímpicos de Tóquio?
Da parte olímpica eu acho que a gente está muito bem. Na classe FX temos a Martine e a Kahena. Na Nacra estamos com Samuel e a Gabi (Nicolino), que foram muito bem no Mundial. A gente tem uma segunda tripulação na Nacra muito boa também do João Bulhões com a Isabel. Temos a Patrícia na prancha feminino, além da Fernanda e da Ana na classe 470. Na 49er a gente tem potencial após a boa participação nos Jogos do Rio, com o 11º lugar e temos duas boas duplas. Na 470 masculino a gente tem duas duplas que estão evoluindo bastante, mas que ainda falta um pouco de ritmo. Na prancha masculino a gente está um pouco atrás e na Radial a gente tem um pessoal mais jovem, mas ninguém ainda para Tóquio. Nas classes restantes a gente tem um pouco mais de dificuldade.
A expectativa também é positiva para os Jogos Pan-Americanos do próximo ano?
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Nas classes pan-americanas a gente tem tradição na classe Lightning, no Snipe e nas classes olímpicas que fazem parte dos jogos (RS:X, Laser Standard e Laser Radial). A gente tem muita gente praticando kitesurf no Brasil, mas pouca gente competindo na versão regata. Tem muita gente fazendo freestyle ou só curtindo, então nosso objetivo é trazer esse pessoal pra regata.
E além de Tóquio, como está a formação de novos atletas da vela brasileira?
A gente está com os olhos muito voltados para a Vela Jovem, para aumentar a quantidade dos jovens entrando na vela olímpica. Nós temos excelentes velejadores na equipe olímpica, mas temos muito poucos jovens iniciando no esporte. Então é um desafio atrair mais jovens para a vela olímpica para que a gente tenha mais opções, principalmente pensando a longo prazo.
Esse olhar para o futuro está se refletindo em mais jovens praticando o esporte?
Não. Eu acho que houve uma entressafra, a gente teve uma redução de participação na vela. Há uma nova geração entrando com mais força, então acho que o nosso principal objetivo é mantê-los no esporte, normalmente no optimist, que é como se fosse o kart da vela. Tem uma participação grande e o desafio é levá-los a fazer outras classes, principalmente pan-americanas e olímpicas.
E qual é a importância da Copa Brasil, onde os atletas mais experientes participam de regatas simultaneamente à Vela Jovem, para manter esses jovens talentos no esporte?
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A Copa Brasil é a maior competição da vela olímpica de monotipo (quando os barcos dos competidores são iguais ou muito semelhantes). A competição é importante porque reúne várias classes, com modalidades pan-americanas, olímpicas e a Vela Jovem. Então eu acho que esse convívio dos jovens com atletas como Robert Scheidt, que já participaram de Olimpíadas e tiveram sucesso, é muito bom e funciona como incentivo. Eu acho que as equipes que serão formadas no domingo, unindo as classes olímpicas com as pan-americanas e a Vela Jovem, serão muito boas para o esporte brasileiro.
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