Na infância, enquanto as amigas gostavam de brincar de boneca, Bruna Tomaselli só se interessava por carros. Aos sete anos, começou a andar de kart, e o que era brincadeira hoje é levado muito a sério pela menina de Caibi, no Oeste catarinense. Aos 17, ela se tornou a primeira mulher a pilotar um carro da Fórmula 4 Sul-Americana.
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O feito foi alcançado em agosto, quando participou da etapa argentina de Córdoba, conquistando um oitavo e um quarto lugares. Neste fim de semana, ela volta às pistas, desta vez em Chaco, também no país vizinho.
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Bruna tem no seu currículo conquistas importantes no kart, já foi campeã catarinense, gaúcha e pódio em uma competição internacional em Las Vegas. Em 2013, sentiu que estava pronta para evoluir ao monoposto. Depois de duas temporadas na Fórmula Júnior, uma das poucas categorias-escola brasileiras, neste ano passou para a Fórmula RS – com a qual conseguia arcar – e então recebeu o convite para a F4. Nessa trajetória, acostumou-se a transitar em um universo majoritariamente masculino.

– No kart, principalmente quando comecei, os meninos não gostavam de perder para as mulheres, sempre batiam, queriam jogar para fora. A gente toma mais porrada do que todo mundo – conta em tom de brincadeira. Mas as provocações ela já sabe contornar:
– Sempre digo que todo mundo é piloto, está lá para ganhar e eu também. Quero fazer isso da minha vida – afirma Bruna.
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Para seguir seu sonho, que tem lá na ponta a Fórmula 1, por enquanto Bruna conta apenas com o apoio financeiro do pai. Espera que isso mude com a visibilidade da F4 e com o avanço de um projeto já aprovado no Ministério do Esporte, que depende apenas de captação de recursos, para competir na USF2000, categoria de acesso à Fórmula Indy nos Estados Unidos.
– Até hoje nunca recebi dinheiro, a gente só paga para correr…e ganha troféu, né?

Um troféu em Chaco será o melhor presente para a garota que completa 18 anos na próxima sexta-feira – e finalmente vai poder tirar a carteira de motorista.
- A Fórmula 4 é uma categoria lançada pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para oferecer aos jovens pilotos que saem do kart uma primeira oportunidade de aprendizado nas corridas de monopostos.
- A F-4 Sul-Americana ainda não faz parte do circuito reconhecido pela FIA, mas é uma boa porta de entrada para os pilotos locais avançarem à Fórmula 3 e categorias superiores.
- Assim como a F-3 Brasil, a F-4 Sul-Americana tem a desvantagem em relação a competições internacionais de não contar pontos para o piloto tirar a Superlicença, necessária para participar da F-1
- A partir de 2016, os pilotos precisarão somar ao menos 40 pontos para tirar a Superlicença. Circuitos que pontuam: F-2, GP2, F-3 Europeia, LPM1, Indy, Formula Renault 3.5, GP3 Series, Super Fórmula Japonesa, FIA F-4, campeonatos F-4 e F-3 reconhecidos pela FIA e Formula Renault.
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