O impasse que deixa a maior estrutura para conter as cheias do Brasil – a barragem Norte, em José Boiteux – inativa teve origem em 1994. Naquele ano, um estudo da Fundação Nacional do Índio (Funai) mostrou que a área ocupada pelos indígenas deveria aumentar de 14 mil para 37 mil hectares.
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A disputa pelas terras está no Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2007 e não há previsão de julgamento. Agricultores que compraram terrenos esperam a demarcação das terras invadidas pelos índios, que aguardam receber de volta o que perderam quando a Barragem Norte começou a ser construída, no fim da década de 1970.
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A aposentada Maria Laurita Knihs se desanima com a situação. Ela e o marido, Dionísio, eram agricultores e compraram um terreno de 23 hectares em 1994, mas em 2008 tiveram que deixar a casa e abandonar a plantação de eucalipto e pinheiro por causa dos índios.
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– Compramos a terra de um outro agricultor e estava tudo legalizado. Trabalhei sol e chuva e vendi três terrenos em Joinville para investir em José Boiteux, mas hoje estamos aposentados e vivendo de favor na casa do meu irmão em Lontras à espera de respostas – lamenta.
Desde 2003 tramita no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) uma ação que cobra indenizações da União decorrentes da obra da barragem. Um dos líderes da aldeia Palmeirinha, Basílio Priprá lembra que a última reunião com o ministro do STJ Napoleão Maia Nunes Filho ocorreu em dezembro do ano passado e não há prazo para decisão:
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– Nunca tínhamos visto enchente e na década de 80 passamos pela primeira. Depois da barragem, perdemos as melhores terras e as áreas foram alagadas. A terra é o maior patrimônio do povo indígena e só pedimos que respeitem o que temos de direito.