A continuidade da greve dos caminhoneiros está agravando a situação do estoque dos supermercados em Santa Catarina. Sem abastecimento há praticamente uma semana, produtos básicos como pão, arroz, ovos e até papel higiênico estão desaparecendo das prateleiras de alguns comércios. E as gôndolas vazias têm assustado tanto os clientes quanto os gerentes dos locais.

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A Associação Catarinense de Supermercados Acats (Acats) considera a situação preocupante, já que não tem expectativa de como resolver a necessidade do consumidor, mas que ainda não é alarmante. O desabastecimento era esperado, já que os comércios não recebem mercadorias há praticamente uma semana — com exceção de fornecedores localizados próximos aos pontos de venda.

A associação reafirma que os supermercados continuam atendendo dentro do possível e mantendo os preços, inclusive com a limitação na quantidade para venda de produtos específicos. A situação das mercadorias varia de acordo com cada comércio, já que houve movimentação muito acima do normal para comprar alimentos e itens de higiene na semana passada.

A dificuldade com a reposição dos produtos perecíveis deve se estender na próxima semana para mercadorias da área da padaria, já que há falta de trigo e problema no abastecimento do gás de cozinha. Outras mercadorias que podem ter problemas nas próximas 48 horas são massa, farinha e azeite.

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Pão, arroz e papel higiênico estão em falta

Em um supermercado de Florianópolis, por exemplo, o desabastecimento está além dos produtos perecíveis. O problema atinge mercadorias essenciais como arroz branco, açúcar branco, ovos, pães industrializados, cebola e até papel higiênico. Outros produtos, como macarrão, feijão e atum enlatado, estão com poucas unidades restantes e devem acabar em breve.

O gerente da unidade, Jarbas Bitencourt, 39, diz que alguns itens de manutenção básica também estão faltando, como sacolas plásticas e embalagens. Apesar disso, o supermercado não está limitando a venda de produtos aos clientes, apenas age pontualmente quando alguma pessoa quer comprar produtos em grande quantidade — negando a venda com a justificativa de que não atua no mercado atacadista.

— Eu trabalho há 14 anos com supermercado e nunca tinha visto uma situação dessa, a ponto de acabar o papel higiênico da prateleira e do estoque. Também não pensei que o arroz fosse acabar, a situação realmente está grave — afirma Jarbas Bitencourt, que considera que o problema só não é mais maior porque o movimento diminuiu depois de sábado, já que os clientes não tem como se deslocar para o supermercado por causa da falta de gasolina.

Para organizar a venda dos produtos essenciais, a empresa está criando cestas básicas fechadas com preço de R$ 43, as quais incluem alguns produtos que não são mais encontrados nas prateleiras. O pacote inclui açúcar branco, arroz branco, farinha de mandioca, farinha de milho, farinha de trigo, feijão preto, sal, biscoito, suco em pó, óleo de soja, sardinha em lata, pacote de meio quilo de café, doce de fruta e macarrão.

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Se faltam alguns produtos, outros estão saindo em ritmo menor que o normal. É o caso de cervejas, biscoitos recheados e salgadinhos, que estão vendendo pouco à medida que os clientes priorizam os produtos essenciais. Também há estoque razoável de leite em caixinha, algo que está faltando em outros locais.

Apesar da falta de produtos estar agravando, Vitor Mendes é favorável à continuidade da grave dos caminhoneiros
Apesar da falta de produtos estar agravando, Vitor Mendes é favorável à continuidade da grave dos caminhoneiros (Foto: Cristiano Estrela / Diário Catarinense)

Apreensão entre os clientes

O policial militar Vitor Mendes, 24, foi comprar apenas o que estava faltando em casa e decidiu comprar mais alguns itens básicos após notar que algumas gôndolas estavam vazias. Apesar da falta de produtos estar agravando, ele é favorável à continuidade da grave dos caminhoneiros.

— A corrupção se alastrou em todos os âmbitos, então agora seria egoísmo dos caminhoneiros cessar a manifestação por causa da baixa do diesel. Tem que aproveitar o embalo para mudar o país de vez — afirma o policial, que já que não sabe o que vai acontecer.

Já o empresário autônomo Moacir Bosquetti, de 49 anos, costumava ir ao supermercado toda semana, mas com a greve estava fazendo uma grande compra para o resto do mês. Como mora com a esposa e duas filhas, estava priorizando produtos que não estragam pensando em fazer estoque para o futuro.

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— Não tenho como prever o que vai acontecer e eu acho que o pior ainda está por vir. Com a barriga doendo, filho chorando de fome, vai ser uma loucura. É nessa hora que vemos que nós brasileiros não estamos preparados — desabafa o empresário.

Produtos como batata, laranja, limão e uva estão em falta no Direto do Campo, enquanto outros chegam por rota alternativa
Produtos como batata, laranja, limão e uva estão em falta no Direto do Campo, enquanto outros chegam por rota alternativa (Foto: Cristiano Estrela / Diário Catarinense)

Direto do Campo tem falta de frutas e legumes

Alguns produtos como batata, laranja, limão e uva estão em falta no Direto do Campo do Rio Tavares, no Sul da Ilha. Outros, como o tomate, chegam ao local por uma rota alternativa realizada pelos produtores. Para cobrir os custos adicionais, o produto que antes era vendido a R$ 1,19 agora tem o preço de R$ 3,99.

— Conseguimos repor com legumes e verduras da região fazendo rota alternativa para fugir da greve. Agora as prateleiras estão vazias porque o estoque acabou e nós estamos com os depósitos zerados — explica o gerente da unidade Rafael Besen, de 25 anos.

Blumenau tem falta de frutas, verduras e carne

Se na semana passada os primeiros reflexos ocorreram nas áreas de frutas de verduras, agora produtos como carne, leite e feijão também estão em falta nas prateleiras dos supermercados de Blumenau. Muitos comércios estão limitando a compra por clientes dependendo dos produtos. Veja a situação dos mercados da cidade.

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Situação também é crítica no Sul do Estado

Os supermercados na região Sul também enfrentam os problemas causados pela paralisação nacional dos transportes, com a falta de produtos perecíveis e os itens de mercearia. Em Criciúma, o movimento nos supermercados é aliviado porque há poucas linhas de transporte coletivo em operação .

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Foto: Arte NSC Total / Arte NSC Total

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