Enquanto o bloqueador de celular não entra em operação em Joinville, o juiz da Vara de Execuções Penais de Joinville, João Marcos Buch, alerta que celulares continuam sendo usados e apreendidos rotineiramente na unidade. Buch também defende que transferências em massa de presos para penitenciárias federais, como as que ocorreram ano passado, são apenas uma solução provisória.

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Confira entrevista:

A Notícia – O presídio continua sem bloqueador. Há motivo para preocupação?

Juiz João Marcos Buch – Nas operações e revistas, os celulares ainda são encontrados. Existem procedimentos de faltas graves em que avalio a regressão de regime porque ocorre de se encontrar detentos com telefone.

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A situação (falta do bloqueador) é mais um ponto dentre a necessidade de política de Estado para o sistema prisional. Há de se avaliar uma unidade de segurança máxima em SC. As transferências implicam em contatos com outros Estados, outras facções.

AN – Nos atentados anteriores, houve um episódio de tortura em Joinville. O que motivaria a nova onda?

Buch – Ninguém é uma ilha. O sitema prisional se interliga, se comunica. Mas, a partir do momento em que você entra nos presídios e representa o Estado dizendo que as situações reclamadas pela massa carcerária e pelos agentes terão atenção, eles veem que o Estado olha por eles. Isso é um fator para acalmar os ânimos e fazê-los compreender que o diálogo é o melhor caminho.

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Posso garantir que, dentro das unidades prisionais de Joinville, a situação está tranquila e sob controle. Todos conscientes de que, não importa a gravidade dos fatos, temos de seguir a lei e preservar o que está na lei.

AN – Se o presídio em Joinville tivesse um bloqueador, a situação seria outra?

Buch – Apenas o bloqueador em Joinville não teria grande impacto, precisaria haver em todas as unidades. Mas tem que se começar por algum lugar. O bloqueador dificulta muito a comunicação (entre presos). Ela continua por outros mecanismos, mas essa comunicação online e mais abrangente dificultaria e, talvez, demorasse mais para que algum plano de violência e ataque fosse concretizado. Durante essa demora, a polícia poderia agir e se antecipar.

AN – Até quando os ataques podem durar?

Buch – O contexto geral é de que uma hora os ataques vão terminar. A polícia está trabalhando bem, dentro da legalidade, não há uma batalha instalada. Isso, então, vai arrefecer. Nesse momento, o Estado precisa fazer a lição de casa. Não temos a compreensão de toda SC, é preciso ter essa noção. Mas posso dizer que o governo do Estado tem de se antecipar dentro de métodos de inteligência, além de ter um plano de ação.

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>> O que é verdade e o que é mentira na onda de atentados em Joinville