No domingo, 1, os fiéis da Igreja Menino Jesus do bairro Itinga, em Joinville, vão poder acompanhar o retorno do Padre Luiz Facchini às celebrações de missas oficiais. Ele estava afastado dos serviços paroquiais da Diocese de Joinville desde 2012 em decorrência de divergências com o antigo Bispo do município, dom Irineu Scherer, que morreu no ano passado.
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No tempo em que esteve longe das celebrações oficiais, o padre continuou a realizar missas na Fundação Padre Luiz Facchini Pró Solidariedade e Vida (criada por ele na década de 1990), além de realizar batismos e missas em locais nos quais era chamado. A missa na Paróquia Menino Jesus ocorre a partir das 9h30 de domingo, quase seis anos depois da decisão que o afastou das atividades paroquiais.
Em entrevista ao Jornal A Notícia, o padre de 75 anos, conhecido por criar cozinhas comunitárias com o objetivo de combater a fome e a miséria em comunidades carentes de Joinville, destaca que pretende usar o retorno à Diocese para fortalecer seu trabalho em prol dos mais pobres. Confira a entrevista:
A NOTÍCIA– O que motivou o seu afastamento dos serviços paroquiais?
Pe. Luiz Facchini- Entendo que a partilha é uma das consequências das razões da fé e eu não pedia dinheiro para o povo durante a celebração. A fé precisa ser equilibrada, sem deixar em penúria ninguém, e não precisamos pregar o dízimo toda hora. Isso foi uma pedra no calcanhar e entendo que o Bispo na época, dom Irineu Scherer — infelizmente Deus o levou e tenha misericórdia dele, tinha uma visão diferente. Está na bíblia, o dinheiro não pode sobrepor em razão de Deus.
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AN- Neste tempo afastado da paróquia, o senhor se dedicou a quais atividades?
Pe. Luiz- Eu continuei sacerdote e sempre pude ministrar missas e sacramentos, então nesses cinco anos me dediquei a realizar missas em comunidades onde era chamado e aos domingos na fundação. Também fazia batismos, cheguei a fazer 22 batizados em uma única celebração. As lideranças da Igreja quiseram me proibir de conceder o sacramento do batismo, mas segui a ordem do mestre Jesus, falei com Deus e nunca fiz tantos batizados na minha vida como nos últimos anos. Durante o papado de Bento XVI houve tempos obscuros em que, muitas vezes, o poder se sobressaia aos valores do evangelho e os pais enfrentavam verdadeiras vias sacras para batizarem seus filhos, mas a chegada do Papa Francisco trouxe um espírito renovado à Igreja Católica.

AN- Com relação ao novo bispo da Diocese de Joinville, Dom Francisco Carlos Bach, o convívio entre vocês é de acolhida?
Pe. Luiz- Eu havia inaugurado uma cozinha em São José dos Pinhais, no Paraná, e conheci Dom Francisco há dois anos quando ele me chamou para levar um xerox da certidão do estatuto da fundação. E um mês antes dele assumir aqui, realizou uma reunião com todos os sacerdotes de Joinville e nos passou três linhas fundamentais e que vão de encontro com o que eu acredito: 1) padre que se candidate a mandato político, abandone a batina; 2) não gosta de muita “fumaça” nas missas; 3) Ele é doutor em direito canônico, mas não se vê como canonista, mas como um pastoralista.
A vinda de Dom Francisco me trouxe novas esperanças porque ele vem com simplicidade, sinceridade e um sorriso que vem do coração, Ele está atento aos valores cristãos de verdade e acredito que vai pôr a Igreja no rumo certo. Temos dois Franciscos que trabalham para reconstruir a Igreja, que estava tombada. Isso me deu perspectivas esperançosas e hoje comprova as expectativas colocadas sobre ele.
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AN- Como foi costurado o seu retorno às celebrações oficiais?
Pe. Luiz- Nunca deixei o sacerdócio e sempre foi meu desejo voltar para a paróquia. A própria comunidade, um mês antes do novo bispo tomar posse, levou um documento até ele pedindo que eu fosse reintegrado à diocese, ele ouviu esse pedido e houve o convite. Eu vivo um momento de alegria porque fui readmitido e vou poder voltar a fazer o que eu vinha realizando junto a comunidade, que é agir à serviço da evangelização e da comunidade, principalmente dos mais pobres.
AN- Quais ações junto à comunidade católica o senhor pretende abraçar com esse retorno?
Pe. Luiz- Vou falar a palavra de Deus como sempre fiz em minhas missas, com sinceridade e autenticidade, além de trabalhar para criar um setor pastoral no Itinga e na retomada da missão da Igreja em ser serva da vida em todos os sentidos.