Atividades culturais, qualificação profissional, centros de ressocialização e casas de acolhimento. São essas as oportunidades e alternativas que cerca de 70 instituições e programas em Joinville dedicam ao desenvolvimento de crianças e adolescentes.

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Essa rede de atendimento, que ganhou força nas últimas duas décadas, tem como objetivo, principalmente, promover a educação e a cidadania. O trabalho duro é feito pela sociedade civil, por meio de associações e institutos, com recursos municipais.

Por depender essencialmente do envolvimento da comunidade, esses projetos são mantidos por um sentimento apontado pelo padre Luiz Facchini: solidariedade. Para ele, vivemos uma cultura individualista, em que não falta comida, mas falta compartilhamento. Criador da fundação que leva seu nome, Facchini identificou, em 1994, 34 focos de fome e miséria em Joinville e região. Para acabar com esse problema, foi criada uma cozinha comunitária em cada um desses lugares.

– Machuca demais a dignidade humana a criança passar fome. Isso é uma denúncia contra uma sociedade que teria o suficiente, mas não partilha. E contra também as igrejas que se dizem cristãs, mas não sentem compaixão de pessoas que passam fome. Por isso, digo que se morrer de fome é a maior miséria humana, deixar alguém morrer de fome é a maior miséria espiritual – afirma.

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Com a criação das 34 cozinhas, foram distribuídas, inicialmente, quatro mil refeições por dia e a fome diminuiu na região. Segundo Facchini, dois fatores também contribuíram para esse resultado: mais oportunidades de empregos criados na zona Sul de Joinville, com a chegada das empresas nas últimas duas décadas, e a implementação de políticas públicas como o Bolsa-família.

Além das cozinhas comunitárias, a Fundação Padre Luiz Facchini, com sede no bairro Itinga, criou também outros dois projetos. Um é o abrigo, que conta com 35 moradores, desde bebês até adolescentes. Eles são assistidos por profissionais de psicologia, nutrição e assistência social.

– Queremos impedir que as crianças fiquem desabrigadas, isoladas, sem família ou uma referência fundamental. Isso também agride demais a dignidade – diz Facchini.

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O terceiro projeto é o Cidadão do Futuro, que tem aulas de basquete, vôlei, futsal, música e informática. A meta é manter crianças e adolescentes ocupados durante o contraturno da escola, para mantê-los afastados das drogas e da violência. Segundo Facchini, essa iniciativa já rendeu frutos: há alunos que saíram da fundação para competir nas equipes estadual e nacional de basquete.

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O menino Gean Alves da Cruz, de 11 anos, morador do Boehmerwald, aprendeu o caminho que o levou à fundação há quase dois anos. Por indicação da assistente social, a mãe fez a matrícula nas aulas de basquete e música. O menino, que era considerado agitado e nervoso, canalizou a energia para o esporte e também já compôs uma música no violão, dedicada à mãe.

– Meu comportamento mudou. Para melhor, acho. Agora tô tranquilo – conta o menino.

Ação para difundir o ECA

O Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente mantém um cadastro de 68 entidades e programas que funcionam no município, sob supervisão. Além disso, por meio do edital do Fundo Municipal para Infância e Adolescência, fomenta, atualmente, 50 projetos da sociedade civil e do governo. Eles podem ser apoiados pela comunidade por meio de financiamento direto, com doação de pessoas físicas e jurídicas pelo abatimento do Imposto de Renda, ou por chancela, que é quando o município faz a captação.

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Com três projetos financiados, a Associação Ecos da Esperança atua na cidade desde 1994 em defesa dos direitos. São três abrigos com capacidade para atender até 27 crianças e adolescentes em situação de risco. Dentro das casas são mantidas atividades de apoio pegadógico e psicológico, cultura e esporte, cuidados com a saúde, apoio jurídico e preparação para o mercado de trabalho.

Nesta sexta-feira, o Projeto Joinville que Queremos, do jornal “A Notícia”, levará o grupo Dionisos Teatro à associação para duas sessões de teatro, com o objetivo de difundir o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de forma lúdica e poética. Serão realizadas também duas sessões, nos dias 29 e 30 de junho, na ONG Missão Casa e na Escola Amador Aguiar. A meta é apresentar o tema para cerca de 600 crianças.