Um embate doutrinário na Diocese de Joinville que já durava os cerca de cinco anos da atual gestão ganhou contornos diferentes na semana passada. Na última sexta-feira, o padre Luiz Facchini, 70 anos, conhecido por dar nome à fundação mantenedora de cozinhas comunitárias que oferecem almoços gratuitos na região Norte de SC,deixou de representar a Paróquia São Luiz Gonzaga, no bairro Itinga, em Araquari.
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Ele estava na paróquia desde o ano passado, quando foi transferido da Nossa Senhora de Belém, na localidade Escolinha, no Boehmerwald, em Joinville. Os motivos para a mudança ganham versões diferentes nas falas do padre e do bispo Irineu Scherer, 61.
O bispo conta que a saída de Facchini foi um acordo costurado por ambas as partes após muito diálogo, para que o padre possa se dedicar à ação comunitária que comanda. Não houve aviso por escrito e, segundo dom Irineu, a determinação não é definitiva nem tem relação com qualquer punição prevista no Código de Direito Canônico.
Para Facchini, no entanto, o afastamento foi imposto durante uma conversa com outros dois religiosos. Ele continua padre: pode ministrar missas e sacramentos, mas a princípio não em espaços da Igreja Católica. Por exemplo: celebrará missa às 8 horas de domingo na fundação, no Itinga.
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O centro da discussão parece estar na defesa veemente que Facchini faz da chamada Teo-logia da Libertação – vertente alinhada com ideologias de esquerda que defende uma Igreja sem hierarquia e voltada ao cuidado dos pobres. O catarinense não é o único padre da região a abraçar a doutrina, mas seria “o mais radical”, descreve um religioso atuante na diocese.
Facchini reconhece que costumava expressar abertamente, durante as missas, suas críticas a posturas do papa Bento 16 e da atual gestão da diocese.
– Me diz quais os trabalhos das pastorais da diocese? Tem dinheiro, tem apenas dízimo. E Jesus Cristo disse que é impossível seguir a Deus e ao dinheiro, é preciso escolher -, afirma.
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Facchini também já se posicionou publicamente contrário a aspectos do movimento conhecido como Renovação Carismática.
Por sua vez, dom Irineu disse que o acordo foi baseado principalmente na falta de participação de Facchini na diocese. As críticas trazidas à tona durante as missas também contribuíram para que fosse dada ao padre a opção de deixar de lado os serviços paroquiais.
– Não é a Igreja que tem que se encaixar nas nossas manias e ideias -, salienta dom Irineu, que estava nesta quarta em Florianópolis para um retiro espiritual.
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O bispo argumenta que o comportamento do padre foi decisivo para a situação, e não suas convicções.
Dom Irineu afirma que, do dinheiro arrecadado pela diocese, 90% ficam com as paróquias. Os 10% que vão para a diocese são divididos proporcionalmente, afirma o bispo: 30% seriam destinados à “dimensão social”, que inclui a ajuda a cerca de 30 associações beneficentes.
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