O professor Wander Pugliesi é o dono da piscina que tem a suástica ao fundo em Pomerode. Seria esse um caso de nazista em Santa Catarina? Para responder essa pergunta, é preciso entender que há duas versões para definir o professor Wander. A do professor camarada, capaz de fazer adolescentes se apaixonarem por história, e a do professor nazista que fazia clara apologia ao nazismo de Hitler. Ambas as histórias saíram das salas de aula que ele frequentou.

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O polêmico professor Wander foi titular em alguns dos mais importantes cursos pré-vestibulares de Santa Catarina. É descrito pelos alunos como um excelente professor, dono de grande "magnetismo pessoal". Uma figura curiosa, já que as histórias sobre a coleção de objetos nazistas do professor – que foi recolhida pela Justiça – eram assunto nos corredores dos colégios.

– Era uma espécie de ame-o ou deixe-o. Muitos alunos o idolatram por ser diferente dos demais com suas opiniões peculiares e outros o odeiam por se sentirem afetados por seus preconceitos latentes – afirma um aluno que frequentou as aulas do professor Wander em um conceituado cursinho de Itajaí e não quer ser identificado.

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Professor Wander Pugliesi divide opiniões de alunos

Desde que a suástica na piscina da casa de Wander Pugliesi virou notícia, ex-alunos do professor travam uma batalha de opiniões nas redes sociais. Uma estudante de Blumenau, que também preferiu ficar anônima, traz outra versão para o perfil do professor:

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– Ele nunca, jamais foi preconceituoso. Dizia que existem dois lados da verdade e que as informações são manipuladas, mas nunca achei que fez apologia. No meu ponto de vista, ninguém saiu prejudicado.

Diretor do pré-vestibular Acesso, em Blumenau, onde Wander Pugliesi leciona atualmente, Edson Felipe Grillo diz que o professor é do tipo que faz o aluno pensar. O descreve como alguém "de extremo respeito, ético e honesto", mas que já foi alvo de queixas de alunos devido às posições políticas – o que, segundo ele, não é exclusividade do professor Wander.

No colégio Energia, em Blumenau, onde lecionou até 2010, também foi admirado. As queixas envolvendo o nome do professor Wander Pugliesi seriam, da mesma forma, referentes às posições políticas, mas não em relação à predileção pelo nazismo. Um membro da direção da escola o definiu como um professor de personalidade forte.

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Wander Pugliesi: da produção de cogumelos à saudação nazista em SC

Não se sabe exatamente há quanto tempo a piscina de Wander Pugliesi é decorada com a suástica nazista. A residência do professor de história fica no alto de um morro e é impossível ser vista da estrada. Os vizinhos mais próximos vivem a mais de um quilômetro de distância. Pugliesi teria se mudado para a zona rural de Pomerode há cerca de 12 anos. Uma das poucas vizinhas diz que o professor leva uma vida reservada e sabe da coletânea de objetos nazistas que ele mantinha.

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– É um ótimo vizinho, muito sociável, mas sabemos que é diferente de nós – diz.

Recentemente o professor começou a plantar cogumelos, que são vendidos a restaurantes locais – uma vida pacata numa das comunidades mais alemãs de Santa Catarina. A julgar pelas descrições de quem o conhece, Pugliesi parece mesmo um homem de hábitos simples e vida tranquila. Emocionou-se, porém, no dia em que uma turma de colégio, em 2002, decidiu homenageá-lo fazendo a saudação nazista em SC, durante uma formatura. Naquele dia, o mestre chorou:

– Quis falar sobre isso porque hoje me faz sentir mal. Ele falava que Hitler fez muito pelo povo dele e questionava o Holocausto. Na minha cabeça, na época, não havia apologia no que ele dizia. Hoje entendo diferente – diz Larissa Beppler, ex-aluna.

Procurado pelo Santa, o professor Wander Pugliesi não aceitou conceder entrevista.

Coleção nazista do professor Wander já apareceu no "Fantástico"

O fato é que Wander Pugliesi não parece se importar com polêmicas. Em 1994. mostrou em rede nacional, no Fantástico, a coleção de objetos nazistas que acabaria confiscada pela Justiça anos depois.

Em 1995, o professor Wander apareceu em reportagem do jornal Zero Hora, do Grupo RBS, sobre o avanço do nazismo na internet. O texto relata que ele batizou o filho como Adolf e possuía pôsteres do líder alemão nas paredes de casa.

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> Suástica em piscina e cartazes reacendem debate sobre nazismo

Jornal Zero Hora mostrou história sobre acervo nazista em SC
Jornal Zero Hora mostrou história sobre acervo nazista em SC (Foto: Reprodução)

Em 2005, o professor Wander Pugliesi foi ouvido pelo Santa sobre o filme alemão "A Queda", que mostra os últimos momentos da vida de Hitler. Na época, o professor disse que não assistiria a obras "mentirosas".

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Reportagem do Santa mostrou opinião do professor Wander sobre Hitler

Reportagem de SC com comentário de filme sobre Hitler, líder nazista
Reportagem de SC com comentário de filme sobre Hitler, líder nazista (Foto: Reprodução)

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