A imagem da suástica decorando o fundo de uma piscina em Pomerode fez emergirem discussões sobre a presença e a influência do neonazismo em Santa Catarina. Assunto que mexe com raízes históricas profundas, expõe defesas e ataques acalorados, alimentados por uma linha tênue: o limite entre liberdade de expressão e apologia ao racismo e à segregação.

Continua depois da publicidade

A lei brasileira considera crime a divulgação do nazismo. Proíbe fabricar, vender ou distribuir imagens e objetos que levem a suástica, sob pena de multa e prisão. Em tese não impede, porém, que alguém use o símbolo dentro de casa. Foi o que levou o delegado Luiz Gross, de Pomerode, a decidir não instaurar inquérito sobre a piscina do professor Wander Pugliesi, que tem a suástica desenhada ao fundo. É uma questão de interpretação.

::: Delegacia não irá investigar presença de suástica em piscina

::: Pancho: Piloto registra piscina com suástica no Vale do Itajaí

A mesma lei levou à prisão dois jovens em Itajaí este ano. Em abril eles espalharam cartazes pela cidade, com a assinatura de um grupo denominado White Front (Frente Branca). Eram procurados pela polícia, mas a prisão só ocorreu depois que publicaram em seus perfis no Facebook imagens em que apareciam enrolados em uma bandeira nazista. O delegado Celso Pereira de Andrade deteve os dois em flagrante pela veiculação das imagens na rede social.

Continua depois da publicidade

Eles receberam o benefício da liberdade provisória um dia depois e aguardam julgamento.

– No caso de Pomerode também entendo que não caberia prisão. Mas isto não quer dizer que o caso não deveria ser investigado – diz Andrade.

Enquadrados na Lei 7.716/1989, que trata sobre os crimes de racismo, os rapazes de Itajaí disseram na época que apenas gostam de história. Um deles, localizado esta semana pelo Santa, não quis mais tocar no assunto. Afirma ter perdido o emprego após a prisão e que só se manifestará a respeito após o julgamento, que ainda não tem data para ocorrer.