A morte do advogado Miguel Ângelo Melo Ricott, que teve um mal súbito e sofreu uma parada respiratória em uma academia de Florianópolis na última quinta-feira, levantou novamente a questão sobre os cuidados necessários antes da prática de exercícios físicos. Seja qual for a atividade escolhida, médicos e profissionais da educação física concordam sobre a necessidade de um acompanhamento profissional, e que cada pessoa conheça seu corpo, suas limitações e, principalmente, suas condições de saúde.

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Homem morre após mal súbito em academia de Florianópolis

Morre jovem que passou mal em academia no bairro Coqueiros

Um erro comum, segundo o Conselho Regional de Educação Física de Santa Catarina (Cref-SC), é considerar que apenas exercícios de alta intensidade oferecem risco e merecem atenção. Práticas moderadas e de baixa intensidade também requerem cuidado e acompanhamento profissional, para saber o que se ajusta ao perfil de cada “atleta amador”.

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– É importante que a pessoa que quer se engajar em uma atividade física faça uma avaliação médica completa. Assim será possível ter uma visão geral da saúde da pessoa. É a maneira mais segura – explica a conselheira e membro da comissão de Fiscalização do Cref-SC, Michele de Souza.

Nesta avaliação também é possível identificar e detalhar fatores que aumentam os riscos, como obesidade, sedentarismo, histórico familiar de doenças cardíacas, uso do cigarro e níveis elevados de estresse, que podem ainda desencadear complicações como a hipertensão.

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Doutora em cardiologia e especialista em medicina desportiva, Isabela de Carlos Back Giuliano diz que, até os 40 anos, quem não é atleta profissional deve fazer um check up básico e exames que calculem os riscos de se praticar determinado exercício, sem necessidade de uma avaliação cardiovascular aprofundada.

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– O mais importante é uma avaliação inicial e depois um acompanhamento periódico a cada cinco anos. Quem tem mais de 40 anos é que precisa de um pouquinho mais de cuidado, principalmente se for começar a atividade depois dessa idade – recomenda Isabela.

No caso dos mais jovens, a cardiologista alerta sobre o uso de hormônios ou mesmo suplementos, que devem ser sempre controlados e receitados por médicos para evitar complicações muitas vezes invisíveis no organismo.

Entre a orientação da academia e o interesse de cada aluno

As academias de musculação são obrigadas legalmente a estarem regularizadas junto ao Conselho Regional de Educação Física, o que garante profissionais graduados, habilitados e registrados nos órgãos competentes para atender os alunos. Os atletas amadores, também por exigência de lei, devem responder um questionário que, grosso modo, estabelece se a pessoa está apta a fazer atividade física. Se todas as respostas forem negativas a perguntas sobre problemas de saúde ou histórico familiar, o aluno assume o risco de praticar exercícios e, inclusive, assina documentos confirmando isso. Caso a pessoa aponte alguma enfermidade, a academia o orienta e encaminha a um médico para uma avaliação mais detalhada. E é aí, de acordo com o Sindicato das Academias do Estado de Santa Catarina, que residem muitos problemas.

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– Muitos não querem ir ao médico, gastar R$ 250 por uma consulta em que será perguntado se a pessoa tem pressão alta ou algum histórico de doença na família. A pessoa vai receber um atestado que está apta naquele momento, mas não amanhã ou depois – comenta a presidente do sindicato, Zulma Fernandes Stolf.

Ela reforça as considerações dos profissionais da saúde e da educação física e destaca a importância da conscientização de quem procura as academias:

– Ninguém morre, sendo uma pessoa saudável, do esforço da academia. Inúmeras vezes, depois do questionário, orientamos que o aluno procure um médico e ele não quer. É preciso se conscientizar e cada um reconhecer seu corpo, fazer uma avaliação médica.

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A importância de um profissional de educação física

A orientação é de que qualquer atividade física seja acompanhada por profissional de educação física – mesmo uma corrida de rua. Um especialista pode orientar o ritmo, o percurso, o tempo de uma maneira adequada, diminuindo os riscos.

Número mínimo de profissionais por academia

Toda academia tem que ter, no mínimo, um responsável técnico em todos os momentos de funcionamento. Ainda não foi estabelecido um número mínimo de profissionais por academia: o importante é usar o bom senso, conforme a demanda de alunos.

Fiscalização do Cref-SC

Existe uma fiscalização de rotina que é feita por três profissionais que atuam em todo o Estado, mas ela pode ser modificada diante denúncias – o que acontece com bastante frequência. Caso seja encontrada alguma irregularidade, o estabelecimento é notificado e tem um prazo para se justificar. Aí vai para uma junta. Tanto o profissional não habilitado como a academia e o próprio responsável técnico passam por um processo ético e podem receber multa e ter a academia fechada, em ações conjuntas com a polícia.

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