De segunda a sexta-feira, Márcia Amorim de Andrade, 37 anos, e Vanessa Finato Malinovski, 32 anos, saem de casa de manhãzinha com destino ao mesmo lugar: as salas de almoxarifado da Fundição Tupy. Elas integram o vaivém de rodas que passam pela ciclovia em direção à empresa localizada na região Leste e chegam a um bicicletário com 1.500 vagas, que, em alguns turnos, já começou a ficar pequeno, apesar de ter passado por reforma e ampliação há menos de cinco anos.
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A estimativa da empresa é que, por dia, pelo menos 3.500 funcionários chegam para trabalhar utilizando a bicicleta como meio de transporte – não à toa, foi principalmente por causa do alto número de funcionários ciclistas da fundição que a relação de Joinville com as bicicletas tornou-se famosa.
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– Eu me lembro de uma época em que a gente se planejava para não sair de casa no mesmo horário da saída da empresa, porque havia congestionamento de bicicletas – recorda Márcia.
Ela começou a usar a “zica” para ir trabalhar há cerca de dois anos e meio, e a colega de trabalho, no fim do ano passado. Foi um jeito que as duas encontraram para chegar mais rápido à empresa e ainda aproveitar o momento para se exercitarem. Mas as duas concordam com um ponto: não teriam criado esta rotina se não houvesse uma ciclovia, garantindo o acesso e a segurança do bairro em que vivem à fundição.
– Mesmo assim, tem que ter muito cuidado – afirma Vanessa.

O Boa Vista é uma exceção entre os bairros de Joinville, por possuir ciclofaixa nas duas ruas principais em praticamente toda a sua extensão, até chegar ao Centro. As bicicletas já eram usadas no bairro nos anos 1920 e 1930, época em que começaram a se popularizar em Joinville. A instalação da fundição na região, em 1954, influenciou diretamente na forma de locomoção, além de ter causado a expansão populacional do bairro. Na época, cerca de 17% da população de Joinville trabalhava na empresa, mas, até então, a área do Boa Vista continuava pouco ocupada, com maioria de agricultores entre seus moradores. Foi a instalação da indústria que motivou a implantação da rede de água e de energia elétrica no bairro.
Entre os anos 1950 e 1960, o número de habitantes cresceu de 2.743 habitantes para 10.592 e, 20 anos depois, o tornaria o mais populoso de Joinville na época, com 32.410 habitantes. Nos anos 1990, a população chegou a 42.876 pessoas e a empresa que levou à urbanização do Boa Vista acabou batizando um novo bairro, a Zona Industrial Tupy, com 1,47 quilômetros, criado por lei em 1996 e que atualmente abriga outras empresas, escola e universidade. Com o desmembramento de algumas áreas em novos bairros, como o Comasa, o Espinheiros e o Jardim Iririú e a Zona Industrial Tupy, o Boa Vista diminuiu a extensão geográfica e a população: atualmente, são 18.390 moradores.
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