Depois de 41 dias sem ir à escola, nem o frio da manhã desta terça-feira conseguiu tirar o sorriso do rosto das crianças que chegavam no Centro de Educação Infantil Manoel da Luz Rampelotti, na Escola Agrícola. Daniele Tonnon é mãe de três crianças: uma de 15, uma de 12 e uma de três anos. Ela conta que para ficar com a pequena Amanda em casa foi difícil.

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– A gente se revezou para cuidar dela e eu faltei alguns dias no meu trabalho, mas graças a Deus meu patrão foi compreensivo – conta a mãe.

Bruno Dellore segurava Vitor pela mão enquanto os dois desciam a rua José Fischer em direção ao CEI. Ao chegar no portão do centro infantil, o menino já estava impaciente:

– Vem, pai, vamos entrar. Vamos entrar – repetia enquanto Dellore contava que a avó de Vitor veio de São Paulo para ficar com a criança durante uma semana.

– Minha mãe só pôde ficar uma semana aqui, depois pagamos uma creche particular, porque não tinha como faltar no serviço – revela.

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O CEI Manoel da Luz Rampelotti, que atende 226 crianças de 0 a dois anos, ficou completamente fechado até o dia 11 de junho, depois atendeu parcialmente a comunidade. A secretária da instituição conta que dos 49 professores, apenas 16 permaneceram na greve até o fim da paralisação.

A maior paralisação do serviço público de Blumenau mudou a rotina dos blumenauenses. Eram 8h e no bairro Asilo, Rubens Rocha deixava os netos Nathan, de cinco anos, e Pietro, de três anos, no CEI Evalino Roth. Rocha é pintor e a esposa, costureira. O avô, que tem a guarda legal das crianças, conta que a esposa foi dispensada do trabalho.

– A costura não podia esperar e eles não podiam ficar sozinhos. O bom é que agora tudo vai voltar ao normal – desabafa.

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O fim da greve

A paralisação de 41 dias teve fim na tarde de segunda-feira quando os servidores aprovaram a proposta de reajuste salarial encaminhada pelo Executivo em assembleia em frente à prefeitura de Blumenau. A última negociação entre prefeitura e servidores grevistas ocorreu na última sexta-feira e foi mediada pelo promotor de Justiça Odair Tramontin.

Reposição do calendário letivo

Um dos principais assuntos logo após o acordo que pôs fim à greve em Blumenau é como as aulas serão recuperadas nas escolas e Centros de Educação Infantil (CEIs). O Sintraseb propôs ao prefeito que uma comissão seja formada pela Secretaria de Educação, pais e sindicato para fazer o calendário de reposição de horas. A secretária de Educação, Helenice Luchetta, explicou que começará a debater alguns modelos de reposição nos próximos dias, junto com diretores das escolas e pais. Ao total, foram 26 dias letivos parados.

De acordo Helenice, ainda não se sabe se as férias de julho serão prejudicadas pela reposição dos dias parados. A secretaria debaterá alguns formatos com os diretores de cada unidade e após, devem ser encaminhados para avaliação em assembleia de pais. O município possui 50 escolas de ensino fundamental e 77 Centros de Educação Infantil (CEIs).

Confira a Galeria de Fotos com alguns dos principais momentos da greve: