A redução no nível dos rios em grande parte de Santa Catarina ainda não é sinal de tranquilidade para todos os municípios do Estado. No Planalto Norte, região mais afetada pelas chuvas de 7 e 8 de junho, a água nas ruas ainda faz parte da rotina e a previsão de normalização total da situação das cidades pode demorar até quatro meses, segundo a Defesa Civil.

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A situação mais complicada está em Porto União, quase na divisa com o Paraná, onde o rio Iguaçu permanece subindo cerca de um centímetro a cada duas horas. Ontem de manhã ele alcançava 8,11 metros. Mesmo com a estabilização ocorrendo desde segunda-feira à tarde, há mais de 5 mil atingidos pela enchente na cidade, sendo 275 famílias desabrigadas. O bairro mais afetado pelas águas é o Santa Rosa, que também é o mais populoso do município. O acesso a Irineópolis, na região de São Pascoal, pela BR-280, permanece interditado.

Porto União é uma das cidades com situação mais complicada

Foto: Prefeitura de Porto União, Divulgação

Em outras regiões atingidas, como o Médio e Alto Vale do Itajaí, a recuperação está em andamento. Em todo o Estado, 42 cidades foram atingidas, sendo que 36 delas decretaram situação de emergência e duas de calamidade pública. Na maioria delas as ocorrências foram de alagamento. Nas cidades de Rio Negrinho, Mafra e Canoinhas, no Planalto Norte, alguns pontos já estão liberados. Mesmo assim, ainda há desabrigados e desalojados. Em toda a região, segundo a Defesa Civil, são quase 6 mil pessoas fora de casa.

– Temos uma perspectiva de que essa é a terceira maior enchente da história. Em 1983 e 1992 ocorreram piores. Estamos fazendo ações de assistência humanitária. Mas vai levar uns quatro meses para que a situação volte à normalidade – previu o bombeiro militar e coordenador da Defesa Civil no Planalto Norte, Edson Antocheski.

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Para que a água baixe totalmente nos municípios da região serão necessários pelo menos mais 15 dias. Enquanto isso, a Defesa Civil auxiliará as famílias com produtos de necessidade básica.

Em Rio Negrinho, as famílias começam a voltar para as suas casas

Foto: Arquivo Pessoal

Numa segunda etapa, será iniciada a recuperação dos municípios e por último a reconstrução. Nas cidades em que a água já baixou, teve início a contabilidade dos prejuízos. Em Porto União, onde o nível do rio continua elevado, ainda não é possível saber que tipos de obras serão necessárias.

Segundo a meteorologista da Epagri/Ciram Gilsânia Cruz, em Major Vieira, também no Planalto Norte, choveu 226,4 milímetros em 24 horas, entre 7 e 8 de junho, igualando-se ao recorde histórico no município, ocorrido em 1997. O número significa quase o dobro do esperado para o mês, que era de 117,8 milímetros.

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Confira o mapa com os municípios atingidos

Legendas

A: alagamentos: quando a água dos rios sobe lentamente e alaga as cidades

E: enxurrada: quando a água sobe rapidamente até transbordar

D: deslizamentos

SEC: situação de emergência (informada pelo município) confirmada pelo Estado

SEN: situação de emergência (informada pelo município) ainda não homologada pelo Estado

ECP: estado de calamidade pública

Santa Catarina decreta situação de emergência

O governador Raimundo Colombo assinou o decreto que coloca Santa Catarina em situação de emergência por causa dos estragos da chuva. O documento tem validade de 180 dias e foi publicado no Diário Oficial do Estado na segunda-feira, dia 16.

Cerca de 406 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas segundo os números oficiais. São mais de 7,5 mil desabrigados e mais de 52,8 mil desalojados nos municípios afetados.

De acordo com informações da Defesa Civil, o Ministério da Integração Nacional liberou R$ 3 milhões e o Estado outros R$ 2 milhões para serem distribuídos entre as cidades atingidas. Os recursos são destinados aos municípios que tiveram situação de emergência reconhecida.

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Quilombo, no Oeste catarinense, teve uma segunda-feira de alagamentos

Foto: Rádio Coração, Divulgação

Estragos no Oeste de Santa Catarina

Uma forte chuva arrastou carros, alagou lojas, casas e até a prefeitura de Quilombo, no Oeste do Estado, ontem à tarde. De acordo com levantamento, foram 110 milímetros – mais do que a média mensal – em apenas 40 minutos.

A chuva começou por volta das 14h40min. As casas e estabelecimentos comerciais ao longo das ruas Coronel Bertaso e Primo Bodanese foram atingidas. O rio Quilombo transbordou. A Praça Hélio Antonio Farezin e o Parque Aquático ficaram alagados.

Opinião do Diário Catarinense

Mesmo com a trégua da chuva que caiu sobre parte do Estado, é fundamental que o poder público mantenha alerta permanente nas regiões atingidas. As águas pararam de cair, mas os rios continuam acima do nível normal e milhares de pessoas ainda não conseguiram voltar para casa.

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Nesse cenário, é preciso tentar minimizar os impactos à população atingida. O passo seguinte deve ser de atenção aos investimentos em prevenção de catástrofes e, em especial, é preciso um monitoramento atento do El Niño, fenômeno que pode influenciar o clima de Santa Catarina no segundo semestre.