Em um clássico da literatura mundial – Cândido ou O Otimismo – Voltaire usa a narrativa da história do jovem que dá nome ao livro e de personagens que convivem com ele em uma viagem para tratar de filosofia. O mais expressivo dos coadjuvantes é Pangloss, uma espécie de conselheiro do “herói” da narrativa. Ele defende nas mais variadas situações a ideia de que “vivemos no melhor dos mundos possíveis”. Depois de uma série de desventuras, Cândido chega a uma conclusão diferente. Diz ele que o essencial é “cultivar nosso jardim”.

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Não é preciso ser filósofo para concluir que o Brasil não vive hoje no melhor dos mundos possíveis. A violência cresce dia a dia. A crise há tempos deixou de ser marolinha e toma corpo de uma grande onda com poder destrutivo ainda desconhecido.

Talvez caiba a cada um de nós, então, seguir o conselho do jovem Cândido e “cultivar nosso jardim”. Os mais apressados podem concluir que defendo alguma forma de individualismo exacerbado – um salve-se quem puder, com cada qual fazendo apenas o necessário para o seu próprio bem estar. Mas a leitura que faço é absolutamente diversa.

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Cultivar meu próprio jardim é sinônimo de “fazer a minha parte”, aquilo que está ao alcance das minhas mãos e que pode melhorar a vida de todos. Ou seja: em vez do individualismo, a saída para tentarmos construir o melhor mundo possível é justamente o contrário. Se cada um fizer um pouco para melhorar a realidade que o cerca, o resultado final será benéfico para todos. E se esses esforços individuais forem somados, então o ganho será ainda mais expressivo.

Essa é a filosofia por trás do associativismo – e a Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF) tenta fazer a parte dela para ajudar os empresários a se unirem em defesa dos interesses da sociedade. Precisamos assumir nossas responsabilidades, elevar cada vez mais o grau de comprometimento de todos em busca do desenvolvimento de planos e ações que construam uma cidade melhor.

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A ACIF busca fazer isso. Voluntários acompanharam as obras do Centro de Eventos de Canasvieiras e a duplicação da rodovia que dá acesso ao norte da ilha e certamente contribuíram para o sucesso dos projetos. Também criamos uma câmara de arbitragem que começa a funcionar em 2016 e que vai agilizar a solução de conflitos judiciais. Outras bandeiras terão de ser erguidas – e muito ainda terá de ser feito para termos a cidade que queremos.

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Parece certo que 2016 vai ser um ano difícil, com instabilidade política e econômica. Nos resta então o apoio mútuo para que cada um “cultive o seu jardim”, colabore com a construção de uma sociedade que respeite o ser humano, que valorize a vida, que estimule a solidariedade. O melhor dos mundos possíveis, assim como um jardim florido, pode ser construído com o apoio efetivo de cada um de nós.

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