Sou atleta desde sempre, como costumo brincar, porque sempre tive o esporte na veia, até faculdade de educação física fiz também, além do jornalismo. Mas por corridas de rua, especificamente, me apaixonei há cerca de três anos. Fiz diversas provas, três meias maratonas e me preparava para correr a São Silvestre de 2014 e fazer uma maratona em 2015 quando tudo aconteceu.
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Naquele dia, 30 de novembro de 2014, um domingo, às 7h, estava indo fazer uma prova curta, de 5k, em Balneário Camboriú. Por essas coisas da vida, já tinha estacionado o carro e ido para a largada, mas resolvi voltar no carro para buscar uma camiseta. No caminho, lembro de pensar: “Vou trotanto já pela calçada para aquecer”.
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Quando estava muito próxima ao carro, saí da calçada e iria acessar a porta do motorista quando um carro desgovernado, dando cavalo de pau, veio em alta velocidade e me pegou em cheio. Sem chance de reação, fui prensada contra o carro estacionado (que deu perda total) e caí ao chão.
O motorista estava embriagado. Mesmo recusando o bafômetro, segundo a polícia militar e todos que estavam no local, ele nem sabia onde estava e nem mesmo que horas eram. Dentro do carro, dois tipos de droga, também incluídos no laudo da PM. Ele foi preso em flagrante, porém pagou fiança e foi solto no dia seguinte. Eu fui atendida pelo Samu e levada para o hospital Ruth Cardoso, em Balneário mesmo.
Tive fratura de quadril, de duas vértebras de coluna, do joelho, ligamentos e muito mais. Passei mais de 70 dias totalmente imóvel numa cama, depois cadeira de rodas, muletas e reaprendi a andar com a ajuda do meu médico, duas fisioterapeutas, um professor de educação física e psicólogo. Foram muitos meses de dores e sofrimento, afastada das pistas, do trabalho e até da convivência dos amigos. Até hoje, mais de um ano, ainda preciso de cuidados fisioterápicos… Foram mais de seis meses até poder trotar novamente e voltar a correr.
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Perfil: extensa carreira no jornalismo e dedicação ao esporte
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Sobre a justiça, o processo crime, até hoje, não teve sequer uma audiência e não recebi nenhum centavo para custear a recuperação e todos os gastos que ela acarreta. Entrei com um ação cível também e, no momento, aguardo audiência. Ele moveu uma ação contra mim, inclusive solicitando que eu pague pelo carro dele e nos outros dois que ele bateu. Mas sigo acreditando que a justiça será feita e ele será culpado. Não podemos deixar de acreditar na Justiça e lutar para que nossas leis mudem e as pessoas se conscientizem sobre a relação entre direção e bebidas alcoólicas.
Por isso, peço para as pessoas que entrem no site Não Foi Acidente e assinem a petição online que exige a aprovação de um Projeto de Lei que há anos tramita na Câmara dos Deputados e que pode mudar o texto do Código de Trânsito Brasileiro e a realidade de quem é vítima de motoristas embriagados e imprudentes.
Dia 31, realizarei o sonho que a pessoa que me atropelou interrompeu: estarei na largada da São Silvestre, em SP. Não sei se conseguirei correr a prova toda, mas agora, além de mim, correrei pelo meu amigo Róger Bitencourt e sei que ele vai me empurrar pelas ruas de Sampa. Vamos completar essa prova, meu amigo.
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