Mesmo com o sexto assalto a banco em três meses no interior, desta vez em Timbó Grande, no Planalto Norte, às 10h de terça-feira, com a quadrilha empunhando fuzis AK 47 e fazendo reféns como escudos humanos na fuga, a segurança pública e as polícias Civil e Militar de Santa Catarina ainda não anunciaram nenhum plano de ação mais drástico para identificar e prender os criminosos.

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No assalto ao Banco do Brasil de Timbó Grande, os bandidos acabaram levando apenas R$ 10 mil do malote do caixa porque o gerente não estava na agência para abrir o cofre. O bando abandonou o carro utilizado na ação e conseguiu escapar.

A única informação concreta repassada até agora é que há 10 policiais civis da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) dedicados exclusivamente a investigar os casos.

Na Polícia Militar, o chefe de comunicação, coronel Sérgio Sell, informou que as medidas estão sendo discutidas entre o comando-geral com o secretário da Segurança Pública (SSP), César Grubba, e que no momento oportuno elas serão divulgadas.

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A demora para uma reação pelas polícias gera preocupação na própria SSP, embora sejam evidentes as dificuldades que investigadores estariam encontrando para identificar e prender os criminosos. Não está descartada a ação de mais de uma quadrilha, possivelmente de estados vizinhos.

– Estamos tomando todas as providências aqui (Florianópolis) e lá (interior, onde estão acontecendo os assaltos), mas por enquanto não podemos informar detalhes – disse o diretor da Deic, delegado Akira Sato.

A reportagem apurou com fontes do alto escalão do governo que a onda de assaltos causa insatisfação em integrantes da cúpula da SSP, que pensam estar mais que na hora de uma medida mais drástica pelas polícias na caça a essas quadrilhas, seja com ações de inteligência ou operações táticas do policiamento.

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Especialista sugere alternativa de ações à polícia

Treinar pessoas da população das cidades pequenas para que atuem como informantes da polícia para observações discretas, intensificar barreiras móveis e a utilização do helicóptero nas estradas do interior e ações de inteligência com policiais indo a campo são as sugestões descritas pelo especialista em segurança, Eugênio Moretzsohn, para a captura das quadrilhas.

Ele observa que a polícia não pode ficar refém da tecnologia (escutas telefônicas) para identificar e prender os bandidos desse porte.

Moretzsohn, que é coronel aposentado do Exército, afirma que esses informantes podem ser voluntários da própria população local, de modo que pudessem alertar os policiais antecipadamente, por celular ou redes sociais, principalmente à noite, sobre pessoas ou carros suspeitos.

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– Esses moradores seriam “os olhos e os ouvidos da polícia” nessas localidades, nas quais, como na maioria das pequenas cidades, a integração entre as pessoas e seus policiais é muito boa – pensa o especialista, lembrando que o programa de segurança comunitária vizinho solidário também se inspira nisso, a partir da mobilização de pessoas que disparam alertas diante ameaças.

O fuzil AK 47

Os fuzis AK 47 empunhados pelos criminosos em Timbó Grande, possivelmente na versão AKM, mais moderna, provavelmente russa ou chinesa, foram usados pelas FARC na Colômbia e estão vagando pela América do Sul.

Assaltantes com armamento pesado agem no interior.

– É a arma de guerra mais copiada do mundo e conhecida por funcionar mesmo em condições de manutenção muito críticas – diz Eugênio Moretzsohn.

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O AK 47 usa o cartucho 762 mais curto que o de uso no FAL do Exército, mas o projétil é igualmente potente e mortal se usado dentre de suas características (até 600m de alcance útil).

– Se preparado para funcionar no regime intermitente (rajada) funciona como uma metralhadora e coloca em risco até aeronaves.

Violência no interior

A onda de ataques a banco e contra a PM em cidades pequenas

30 de junho: Timbó Grande – 7.563 habitantes

Invasão com reféns ao Banco do Brasil. PM acompanha a distância.

28 de junho: São Cristóvão do Sul – 5.308 habitantes

Ataque contra o posto da PM e explosão do Banco do Brasil.

14 de junho: Irani – 10.033 habitantes

Ataque contra o posto da PM e explosão do Banco do Brasil e Santander.

5 de maio: Seara 17.395 habitantes

Troca de tiros nas ruas com PMs e explosão do cofre do Banco do Brasil.

24 de abril: Campo Alegre – 11.982 habitantes

Ataque contra o posto da PM (54 tiros) e explosão do Banco do Brasil

1º de abril: Santa Cecília – 16.413 habitantes

Os PMs decidem não confrontar os bandidos que estavam com fuzis e explodiram o Banco do Brasil.

VÍDEOS mostram ação dos assaltantes em Timbó Grande

Mapa mostra os assaltos a banco nos últimos três meses

Quadrilha faz quinto ataque a banco no Interior de SC

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