Pela quinta vez nos últimos três meses, criminosos violentos com fuzis enfrentaram a Polícia Militar e tiveram sucesso para em seguida explodir e levar dinheiro de uma agência bancária numa pequena cidade do interior de Santa Catarina.
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O ataque aconteceu após duas semanas de trégua e a suspeita é que as ações estejam sendo protagonizadas pela mesma quadrilha.
O alvo desta vez foi o Banco do Brasil de São Cristóvão do Sul, de 5,3 mil habitantes, na Serra catarinense. Eram por volta das 3h da madrugada quando o bando, que seria integrado por oito homens, chegou com dois veículos e parou na frente do Banco do Brasil e do posto da PM, que fica a 100 metros.
Os assaltantes atiraram contra a unidade policial e os dois únicos policiais militares do turno se esconderam sem condições de reação ou sequer de saírem do destacamento. Moradores ouviram duas explosões no interior da agência, que ficou completamente destruída.
Após cerca de 10 minutos, a quadrilha fugiu pela BR-116 em direção ao trevo de Monte Alegre, entroncamento com a BR-470. Os veículos utilizados seriam um Gol da cor preta e outro veículo sedan (branco ou prata).
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Para dificultar a perseguição pela polícia, os criminosos deixaram miguelitos (ferros retorcidos para furar pneus) na BR-116 e na estrada que liga a Curitibanos. A PM mobilizou o helicóptero de Lages e equipes do Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT) de Curitibanos e Lages, mas os bandidos não foram localizados.
O último ataque semelhante havia sido na madrugada de 14 de junho em Irani, no Meio-Oeste, quando os criminosos explodiram dois bancos e também efetuaram tiros de fuzil contra a base militar. “Queremos vocês aqui fora!”, gritavam os ladrões aos policiais acuados dentro do quartel.
Chefia da Polícia Civil fará reunião em Florianópolis
A reincidência dos ataques causa preocupação aos comandos das polícias Civil e Militar. Na tarde desta segunda-feira, o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Nitz, vai se reunir em Florianópolis com o diretor da Deic, Akira Sato, para definir ações a respeito
Os assaltos são investigados pela Divisão de Roubos e Antissequestros da Deic, onde o delegado Anselmo Cruz suspeita que os crimes estejam sendo praticados por uma mesma quadrilha de algum estado vizinho.
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“Preocupação com vidas humanas”, diz comandante da PM
Indagado neste domingo sobre o quinto ataque a banco e à PM com os mesmos moldes no Estado, o comandante-geral da PM, coronel Paulo Henrique Hemm disse que a sua maior preocupação é com a vida dos policiais militares e dos moradores das cidades atingidas. Ele garantiu que o comando está desenvolvendo todos os esforços diante da situação.
Paulo Henrique Hemm diz que o comando está mobilizando todos os esforços.
– À Polícia Militar compete o policiamento preventivo e a Polícia Civil está trabalhando no monitoramento dessas quadrilhas. Quanto aos policiais militares estamos os capacitando melhor em treinamento e equipamento.
O comandante lembrou que os bancos possuem seguros, podem encontrar melhores maneiras de proteção e cobrou um controle maior em relação à fiscalização nos depósitos de explosivos.
Violência no interior
A onda de ataques a banco e contra a PM em cidades pequenas:
28 de junho: São Cristóvão do Sul – 5.308 habitantes
Ataque contra o posto da PM e explosão do Banco do Brasil.
14 de junho: Irani – 10.033 habitantes
Ataque contra o posto da PM e explosão do Banco do Brasil e Santander.
5 de maio: Seara – 17.395 habitantes
Troca de tiros nas ruas com PMs e explosão do cofre do Banco do Brasil.
24 de abril: Campo Alegre – 11.982 habitantes
Ataque contra o posto da PM (54 tiros) e explosão do Banco do Brasil
01 de abril: Santa Cecília – 16.413 habitantes
Os PMs decidem não confrontar os bandidos que estavam com fuzis e explodiram o Banco do Brasil.
Em Seara
O ataque em Seara aconteceu na madrugada de 5 de maio e também levou medo e terror aos moradores por causa dos tiros disparados na frente do Banco do Brasil.
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PMs chegaram a confrontar a quadrilha, mas não tiveram sucesso e um dos policiais foi atingido por um tiro, que só não o matou por ter pego o colete.
Os assaltantes explodiram o cofre principal da agência, mas não conseguiram abrir e roubar o dinheiro. Na fuga, ainda atiraram contra duas barreiras montadas pela PM.
Em Seara, câmera do banco filmou assalto
Vídeo: assista ao momento da explosão em Irani:
Onda de ataques em cidades pequenas
No dia 5 de maio, em Seara, também no Meio-Oeste, uma quadrilha explodiu o cofre do Banco do Brasil e trocou tiros com a PM. Um dos disparos atingiu o colete de um cabo da PM. Moradores foram acordados de madrugada no Centro pelas rajadas de armas longas e filmaram parte da ação.
Em Campo Alegre, no planalto Norte, bandidos também atiraram contra a base da Polícia Militar, na madrugada de 24 de abril.
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Ao menos cinco assaltantes armados de fuzis atingiram a unidade com 54 tiros. “Ninguém sai, nem pela frente nem pelos fundos”, gritaram os criminosos aos PMs na época, enquanto parte da quadrilha seguiu para a agência do Banco do Brasil, ao lado do posto da PM, e explodiu os caixas eletrônicos.
No dia 1º de abril, de madrugada, seis assaltantes atiraram contra policiais militares durante ataque contra o Banco do Brasil de Santa Cecília, na Serra.
Os PMs não conseguiram reagir. No Sul do Estado também houve casos de explosões a caixas eletrônicos, mas uma quadrilha foi presa recentemente.