De família humilde na Costeira do Pirajubaé, sul da Ilha de Santa Catarina, João Vitor Silva, o Bito, encontrou no skate a alternativa para escapar do “caminho errado”. Na simples pista de street do bairro, aprendeu vendo os amigos a dar as primeiras manobras. Ali aflorou o talento, lapidado no improviso, mas que já se destaca nas competições nacionais. Para evoluir, contou com o apoio do pentacampeão mundial Pedro Barros, que abriu as portas para que treinasse no bowl (pista em formato de tigela) da sua casa. Mas agora o sonho de virar skatista profissional está mais próximo: do lado da antiga pista da Costeira, com a construção do primeiro bowl público de Florianópolis.

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– Tenho uma história de vida muito triste, já perdi dois irmãos, podia estar no caminho errado, mas o skate me fez tomar o caminho certo, ainda bem. Essa pista é o que faltava, ficou muito perfeita, isso aqui é evolução para nós – diz Bito, 17 anos, ansioso para que a estrutura seja finalmente inaugurada, o que está previsto para o início de dezembro, sem data definida.

Antes da abertura oficial, ainda serão feitas pequenas melhorias de urbanização na área, como cobertura de grama e instalação de grades de proteção. Porém, com a retirada dos últimos tapumes, o bowl, o flow (pista sinuosa com rampas laterais) e uma nova área de street já atraem muita gente.

– É uma briga que a gente já tinha há seis anos junto com a prefeitura, e finalmente saiu. Está entre as melhores pistas do Brasil, desde a parte de design até o acabamento, que é muito difícil conseguir que seja bem feito no país, com uma textura boa e nenhuma irregularidade – comemora André Barros, pai de Pedro Barros, que participou de todo o processo de negociação para que o projeto saísse do papel.

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Entorno contrasta e manutenção preocupa

Era para ser o “Maracanã do skate”, como divulgou a própria prefeitura de Florianópolis, e para ter sido inaugurado em maio, como previa os 120 dias de prazo iniciais. Mas nem tudo saiu como o planejado. Se o “gramado” está perfeito e a pista é mesmo de nível internacional, a estrutura ao redor dela é contrastante: uma lanchonete abandonada, um banheiro em más condições, a pista antiga necessitando revitalização, e, o pior, esgoto a céu aberto a poucos metros da saída do flow. O que, segundo a Secretaria Municipal de Obras, não será resolvido até a inauguração. Quanto ao esgoto, a secretaria diz que serão colocadas proteções para evitar que os skates caíam no local.

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– Mas o prefeito prometeu a iluminação e o encanamento do esgoto, e, para março do ano que vem, a reforma da pista antiga – conta Alexsandro Silveira, presidente da Associação de Skate da Costeira do Pirajubaé, que ficou responsável por fiscalizar a execução do projeto.

Outra preocupação da associação é viabilizar financeiramente a manutenção da pista e a permanência de monitores diariamente no bowl, que, com altura de até quatro metros, torna-se perigoso para quem não está preparado.

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– Nossa ideia é que a Fundação Municipal de Esportes faça uma parceria com a associação, inclusive para desenvolver escolinha e treinamento específico – afirma o Secretário Municipal de Obras, Rafael Hahne, que também justificou o atraso na inauguração:

– Tivemos uma dificuldade financeira, tivemos que fazer um novo cronograma de reembolso, mas o que mais dificultou o ritmo das obras foram as chuvas.