Não foi dessa vez que o destino dos 154 comerciantes populares que atuam no camelódromo fixado no aterro da Baía Sul há 24 anos foi definido. O Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf) ainda não finalizou o projeto de parque a ser executado no local e, por isso, a audiência pública na Justiça Federal que estava marcada para a semana passada foi adiada para 27 de outubro. O cronograma de execução da Passarela Jardim deveria ter sido apresentado na última quinta-feira, 27 de agosto.

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Camelódromo de Florianópolis deve ser fechado em dez dias

De acordo com o procurador-geral do município, Alessandro Abreu, a Prefeitura de Florianópolis pediu mais prazo para apresentar o documento às partes interessadas – juiz federal Hildo Peron, Prefeitura e camelódromos.

– Eu também estava em uma viagem internacional, mas o principal motivo é que o projeto ainda não está pronto – explica.

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A presidente da Associação dos Camelódromo Cidade de Florianópolis (Acacif), Rosemeri Rabello, diz que a Prefeitura não entrou mais em contato para tratar desse assunto.

– Só ficamos sabendo que foi adiada a audiência pública. Ainda tememos a decisão – diz a representante dos vendedores do Camelódromo do Centro Sul, como é popularmente conhecido o espaço.

Até às 12h, o arquiteto responsável pelo projeto não havia sido localizado pela reportagem. A assessoria do órgão público informou que Evandro Andrade, que até então estava no comando, não é mais funcionário do instituto.

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– A Passarela Jardim modificou-se bastante desde a concepção do José Tabacow, que se inspirou no trabalho do Burle Marx, mas a prefeitura pretende implantá-lo. De qualquer forma, não iremos derrubar o prédio do Camelódromo, deveremos aproveitá-lo – assegurou em fevereiro à Hora o técnico do Ipuf.

Relembre o caso

– A prefeita Ângela Amin entregou o aterro da Baía Sul, área da União, para os comerciantes que costumavam atuar na Rua Conselheiro Mafra em 1991. A decisão foi tomada para aplacar os conflitos dos trabalhadores com os vendedores do Mercado Público.

– Após estruturarem comércio popular, camelôs viram o Direto do Campo e o estacionamento da Comcap também serem alojados no terreno.

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– Na primeira metade de 2013, o estacionamento foi desativado e o prédio do Direto do Campo demolido.

– Em agosto do mesmo ano, o juiz federal Hildo Peron sentenciou a saída do Camelódromo no prazo de 18 meses. O impasse seria o uso de área pública (pertencente à União) para a iniciativa privada (Camelódromo) sem processo licitatório.

– Após quatro vezes adiada a saída dos comerciantes populares, em uma reunião entre o juiz federal autor da sentença, Prefeitura e Camelódromo ficou decidido que a estrutura continuará no local até que sejam apresentados prazos e orçamento para execução da Passarela Jardim. O projeto foi concebido em 1978 pelo arquiteto do Ipuf, José Tabacow, que imaginou uma área de lazer para o local, com espaço para um shopping popular.

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