Um novo destino para centenas de comerciantes e funcionários do Direto do Campo e do Camelódromo pode estar próximo. Do outro lado da rua, mais precisamente. Segundo apurou o autor da coluna Visor, do Diário Catarinense, Rafael Martini, o Conselho de Transição para Desocupação de Área do Aterro da Baía Sul, da prefeitura de Florianópolis, estuda a possibilidade de abrigá-los no Terminal Cidade de Florianópolis, que passaria por reformas.
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Seria apenas de uma ideia. Se a estrutura vai ser fechada, aberta, de um ou dois andares, ainda não se sabe. Muito menos um prazo foi dado. Mas é uma novidade para mais de 400 pessoas que, no último dia 17, receberam a decisão judicial para desocuparem em 60 dias a área pertencente à União.
Em 15 anos, duas desocupações
A camelô Nágila Cardoso, 48 anos, que administra, junto com o marido, um box com produtos evangélicos, roupas e acessórios femininos, ainda tem esperança de permanecer no mesmo lugar, chamado Boca Rosa.
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– Assim como foi há 15 anos, quando nos despejaram da Alfândega para cá, eu vou acreditar até o último dia. Mesmo que a história se repita – afirmou ela.
Nágila faz parte da história do Camelódromo. Ajudou a construir a estrutura que hoje atrai centenas de consumidores diariamente. Lembra com tristeza das dificuldades que enfrentou ao longo dos anos, mas tem orgulho da união dos colegas:
– Muita gente tinha preconceito de comprar aqui e a gente chegou a dividir marmita em três pessoas para dar conta. Mas como sempre, nós vamos lutar. Camelô, quando se une, quebra qualquer protocolo. ?
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O começo do fim
Do outro lado do estacionamento, a gerência do Direto do Campo já trabalha com a certeza do fechamento. No estoque, produtos que costumam ficar mais de um mês na prateleira não entram mais.
– Arroz, por exemplo, eu não estou comprando mais. Estamos dando prioridade para produtos que saem logo, porque o que ficar, vai se perder – explicou o gerente, Marcos Koch, 23 anos.
Além do estoque, outro problema criado pela decisão judicial é o fim das contratações.
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– Eu precisava de mais quatro funcionários, mas não tenho como contratar. Estamos trabalhando no limite – lamentou ele.
Funcionário há mais de 15 anos da família proprietária do Direto do Campo, seu José Kulm, 53 anos, não vai esperar a definição do poder público.
– É uma pena, né? Ajudei a construir o galpão aqui. Mas não tem o que fazer. Depois que vencer o prazo eu vou cuidar dos meus 28 hectares de terra lá em Antônio Carlos (Grande Florianópolis). Não quero mais trabalhar para os outros – disse ele.
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Condomínio _ No Camelódromo são 158 boxes. Além dos gastos com impostos, alvará, contador, os comerciantes rateiam as contas do lugar, em uma espécie de condomínio. Cerca de R$ 140 por box. O Direto do Campo é propriedade da rede de Supermercados Koch. ??
Fala, povo! – O que você acha da retirada do Direto do Campo e do Camelódromo do aterro da baía Sul?
– Eu lembro quando aqui era apenas uma pista de bicicleta, abandonada. Logo quando aterraram. Vai ser uma pena perder este sacolão aqui e o estacionamento também – lamentou o motorista Eleison Castro, 30 anos, morador da Prainha, na região Central de Florianópolis.
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– Lá em casa todo mundo compra aqui. Produtos mais baratos que no mercado e mais frescos também. Eu venho aqui no Direto do Campo toda semana. Acho um absurdo tirar este espaço daqui – opinou a auxiliar de serviços gerais, Eroni Pereira dos Santos, 52 anos, que mora no Bairro Serraria, em São José.