Estreante na disputa por cargos eletivos, mas com experiência na administração pública, o candidato Murilo Flores (PSB) destoa entre os principais postulantes ao cargo de prefeito de Florianópolis por se considerar um gestor técnico, não um político profissional.

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Envolvido com a política há anos, Murilo estreia nas urnas disposto a reorganizar a Florianópolis dos próximos anos. Para tanto, se baseia no conhecimento da máquina pública e de sua experiência em cargos como secretário de Estado de Planejamento e secretário-executivo do Ministério da Agricultura.

Murilo Flores é o quinto e último candidato à Prefeitura de Florianópolis a conversar com a Hora de Santa Catarina durante esta semana, em entrevistas com os candidatos cujos partidos têm representação superior a nove deputados na Câmara.

“Florianópolis tem uma cidade invísivel dentro dela: a cidade dos morros, dos pobres, dos negros, que estão escondidos”, diz o candidato Murilo Flores

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O que o senhor propõe para melhorar a mobilidade na Capital que não está no Plano de Mobilidade Urbana e Sustentável da Grande Florianópolis (Plamus)?

O Plamus é muito amplo, ele contempla quase todas as necessidades sobre a mobilidade, porque ele não fala só de BRT (transporte rápido por ônibus, na tradução). Ele ajuda a reorganizar a cidade. Nós temos muitos empregos no Centro de Florianópolis, enquanto o Continente e as cidades do entorno têm mais moradia do que emprego, então cria esse movimento pendular. Então, você tem que levar emprego e ter um olhar de Região Metropolitana, não tem solução para Florianópolis se não tiver esse olhar. O Plamus entra, inclusive, nos detalhes de quais ruas têm que ser modificadas e de que forma. Por exemplo, o Centro da cidade, que tem a Vidal Ramos, que é o modelo que o Plamus chama de rua 30, é um padrão bastante bom para quase todo o Centro da cidade, para algumas regiões e alguns bairros. Ele entra no detalhe de reorganizar, de replanejar não só a cidade de Florianópolis, mas a Região Metropolitana.

Dentre tudo que faz parte do Plamus, o que seria mais fácil tirar do papel inicialmente?

Mais urgente, e que já está saindo do papel, é o BRT. O atual prefeito, ele tem uma verba, que ele conseguiu do Governo Federal, que é esse anel que está sendo construindo pelo entorno do centro. A obra está a passos lentos, mas ele tem esse recurso para fazer esse anel. O Governo do Estado anunciou esta semana que está lançando edital no máximo até o início de 2017 para os primeiros 57 quilômetros de BRT. E o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) já tem recursos previstos no orçamento para mexer na Via Expressa, que é de responsabilidade deles, por ser uma BR, a 282, para fazer a adequação ao BRT. E o município terá um papel muito importante, porque terá que reorganizar todo o transporte coletivo do atual Consórcio Fênix.

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O que o senhor acha do Consórcio Fênix, que vai completar dois anos de operação e mais 18 anos de contrato pela frente?

Na realidade, não mudou nada. Na época, eu mesmo, pessoalmente, entreguei para o prefeito uma proposta de uma cláusula contratual com o Consórcio Fênix, que permitiria uma renegociação do contrato para ajustá-los às mudanças que viriam com o resultado do Plamus. E isso, infelizmente, foi recusado. E agora vai dar trabalho mexer no contrato, porque essa cláusula não foi colocada, era uma cláusula muito importante. Vai ter que ter revisão de contrato de alguma forma.

No transporte marítimo, como seria essa ligação com os municípios da Grande Florianópolis?

O principal terminal marítimo de Florianópolis seria ao lado do Centrosul. O deslocamento daquele ponto até o Terminal de Integração do Centro (Ticen) é de 600 metros. E o Plamus estudou que, em média, a pessoa que desce do Ticen ainda vai andar a pé 950 metros para chegar ao seu destino final. Ora, 600 mais 950 é um quilômetro e meio que a pessoa que vem de Palhoça ou outra cidade da Grande Florianópolis ainda teria que andar a pé. Ou seja, por si só, sozinho, o transporte marítimo tem restrições muito grandes. Ele vai necessitar de links com o transporte de ônibus. Por isso o transporte marítimo não é tão simples de ser implantado. Ele é importante, e pode acontecer. Por exemplo, ligar Biguaçu, BR-101, com o Norte da Ilha, com ferryboat, com carros atravessando, os estudos apontam que é viável. Mas a solução não é tão simples assim.

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Em sua propaganda eleitoral, o senhor promete construir uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na Lagoa da Conceição. Como o senhor pretende executar a obra?

Isso tem que ser negociado principalmente com o Governo do Estado. Porque a UPA é muito útil para os hospitais que são do Governo do Estado. Para se ter uma ideia, com as duas UPAs em funcionamento na cidade, só do atendimento do Hospital Infantil, se reduziu, na emergência, 20 mil atendimentos que foram atendidos pelas UPAs. Os hospitais podem se dedicar à média e alta complexidade. Você mora na Lagoa, se você não tem UPA ali, você se dirige ao hospital. E o hospital tem que ficar atendendo baixa complexidade, média e alta complexidade. Um conjunto de UPAs é muito importante para levar o atendimento para mais perto do cidadão, mas também para tornar nossos hospitais mais eficientes.

Apesar de o senhor ser filiado a um partido e ter ocupado cargos comissionados, na sua campanha, o senhor tem adotado o discurso de gestor técnico como seu diferencial. O senhor quer se livrar do estereótipo de político?

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A política é muito importante. Quando eu me refiro que quero uma gestão técnica, é fazer a gestão com especialistas. Não adianta conhecer a cidade e não saber dar solução para o problema. Quem sabe da solução para o problema é o especialista. O que eu estou separando é a politicagem, que leva a vereador, ex-vereador, ou cabo eleitoral de vereador, a ocupar cargos para os quais eles não têm qualificação nenhuma. Você tem lá o corpo técnico de servidores qualificados, e o chefe é completamente despreparado para comandar aquela equipe. A equipe então se desmotiva, se desinteressa. É sobre esse tipo de atitude que eu estou falando. A política é fundamental para o país, o estado, a cidade, a humanidade.

No lançamento da sua candidatura, o senhor e o seu partido se colocam como novo nome que foge das “tradicionais figuras políticas locais”, porém estão sob o comando de Paulo Bornhausen, presidente do partido, de família de tradição na política catarinense. Não é contraditório?

A nossa constituição estabelece que para você ser candidato, você tem que estar filiado a algum partido político. E os partidos são controlados pelas pessoas que sempre fizeram política. Não me caberia também criar o meu partido, onde não tivesse nenhum político dentro. Não faz sentido isso. O que você tem que fazer é transformar os partidos, e fazer um processo de evolução, de amadurecimento. E aí você vai colocando os partidos com um novo perfil. Isso é inerente, você entra em um partido e tem todo tipo de gente, boa, ruim, mocinho, bandido, tem de tudo. Em todos os partidos.

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Algumas regiões da cidade sofrem bastante com a violência e o tráfico de drogas, exemplos do Monte Cristo, no Continente, e do Morro do Horácio, na Ilha. Quais suas propostas para a segurança pública?

Nós temos 160 guardas municipais, e 100 não estão em atividades de rua. Temos que colocar esses 160 guardas nas ruas. Precisamos ter mais integração com a polícia. Nós podemos chegar para a Polícia Militar, e dizer, “você vai atuar nesse bairro? Não tem efetivo? Não vai? Então, eu vou colocar a Guarda Municipal nesse bairro”. Outra coisa que eu estou propondo é substituir a iluminação pública, principalmente nas regiões mais populosas e de maior risco, por lâmpadas led, câmeras e wi-fi, para conectar a população em qualquer lugar que ela esteja. Com isso, você daria mais apoio à própria Polícia Militar para controlar a segurança. Mas o mais importante é atacar a causa. Eu tenho dito que a cidade tem uma cidade invisível dentro dela, e é ali que a marginalidade e o crime organizado se escondem atrás dessa população que a cidade não vê. Tem que fazer o que a Colômbia fez: Reurbanizar os morros, colocar aparelhos públicos, regularização fundiária, deslocar pessoas das áreas de risco, melhorar as casas que tem construções deficientes, porque daí o bandido não vai mais ter onde esconder.

CONHEÇA OS CANDIDATOS À PREFEITURA DE FLORIPA

“Meu governo será um governo de resultados”, diz Gean Loureiro (PMDB)

“Eu quero ser avaliada por aquilo que fiz e pelo que posso fazer”, diz Angela Amin (PP)

“Chegar ao poder a qualquer custo tem o seu custo”, diz Elson Pereira (PSOL)

“Os grandes temas precisam ser tratados em conjunto com a região”, diz Angela Albino (PCdoB)

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