A taxa básica de juros deve chegar amanhã ao menor nível histórico desde outubro de 2012, quando bateu 7,25%. Se o Comitê de Política Monetária (Copom) tomar a decisão de reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual como aposta o mercado financeiro, o percentual encerrará o ano em 7%. Além do corte, que seria o décimo consecutivo em caso de confirmação, os analistas esperam para interpretar a ata que será publicada após a decisão e sinalizará o que vem pela frente. Não será surpresa se entrarmos 2018 com novo enxugamento, levando o índice a patamares entre 6,5% e 6,75%.

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Remédio amargo para os tempos de alta na inflação, a estratégia de elevação do juro foi deixada de lado com o país em recessão e um cenário de queda nos preços. Na sexta-feira, aguarda-se a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com os números de novembro. O mercado já espera uma desaceleração, levando o indicador do ano para baixo do piso do regime de metas do Banco Central, de 3%. Em outras palavras, a preocupação deixou há tempo de ser uma forma de conter o consumo para evitar a escalada dos preços, e sim uma maneira de reanimar o país a fazer as pessoas voltarem a comprar.

Apesar da decisão de política monetária, os juros reais no país tardam em descer. A diferença entre a Selic e o percentual cobrado pelos bancos brasileiros ainda é abissal. Conforme cálculos da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), as taxas médias vêm caindo, mas em um ritmo muito inferior ao dos cortes do Copom. Nas linhas para pessoas físicas, a redução em outubro foi de 0,39% em 12 meses, o que significa uma média de 7,44% ao mês ou 136,59% ao ano. No financiamento para as empresas, a queda foi de 1,44% em 12 meses, que significa 4,31% ao mês ou 65,92% ao ano também no cálculo de outubro. Não precisa ser nenhum especialista para perceber a distância enorme entre a Selic e esses números.

De toda a forma, um horizonte de juros mais baixos é um estímulo para a atividade econômica. Por que será, então, que o custo do dinheiro emprestado ainda demora tanto para baratear? A explicação prática é que outros indicadores como o desemprego, a inadimplência e os níveis de endividamento das famílias ainda não voltaram a patamares confiáveis. Por isso, as instituições financeiras, que calculam o risco de financiar uma compra com base na expectativa de receber ou não o dinheiro de volta, demoram a reduzir os números. Cortar a Selic é o primeiro passo para as taxas de juros entrarem em um ciclo que ajude a retomada do consumo. Mas não é só isso. E ninguém há de negar que o Brasil continua um dos melhores lugares do mundo para ser banqueiro.

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