Uma operação conjunta entre a Polícia Militar e os bombeiros rastreia nesta quinta-feira a mata na região do Bairro da Barra, em Balneário Camboriú, e do Barranco, em Camboriú, em busca de vestígios do menino Ícaro Alexandre Pereira, de sete anos, desaparecido desde 9 de fevereiro. A polícia acredita que são grandes as chances de o menino estar morto, e de o corpo ter sido enterrado na área.

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Ao todo 25 militares participam da ação, que tem apoio da Polícia Militar Ambiental e de um drone, emprestado pela Polícia Militar de Navegantes. O equipamento sobrevoa a área de busca e o operador indica quais os locais de difícil acesso, e como passar pelos obstáculos.

Dois cães de busca e salvamento também estão empenhados na operação: Yankee, farejador do 12º Batalhão da PM, em Balneário Camboriú, e Ice, cão dos Bombeiros de Itajaí que coleciona premiações internacionais em ações de busca.

Esta não é a primeira operação de busca pelo menino feita em Balneário. Em 18 de março a Polícia Civil comandou, sem sucesso, a procura pelo corpo no Bairro Nova Esperança, nas imediações da obra do Centro de Eventos.

Recentemente a Divisão de Investigações Criminais (DIC) devolveu o caso à Delegacia da Mulher, em Balneário, por entender que todos os procedimentos possíveis, de acordo com as informações que a polícia tina até então, haviam sido tomados.

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As buscas comandadas pela PM, nesta quinta, provocaram saia-justa entre as duas corporações. A Polícia Militar informou que a procura foi motivada por informações que chegaram ao Núcleo de Prevenção às Drogas e à Pedofilia de Camboriú, entidade que atua na busca por crianças e adolescentes desaparecidos. O delegado Rodolfo Farah, da DIC, diz que a Polícia Civil não foi contatada nem convidada para participar da operação.

_ Não sabemos o objetivo e a base dessa busca _ disse Farah _ Mas esperamos que tenham o sucesso que a gente não teve.

Cercado de dúvidas

O desaparecimento de Ícaro foi registrado no dia 9 de fevereiro, em meio ao feriado de Carnaval. De acordo com o relato da família, ele estava sozinho no apartamento onde morava, na Rua 3450, quando desapareceu. A mãe e o padrasto viram que o menino havia sumido quando chegaram em casa, por volta das 18h.

Ícaro vestia uma camisa polo verde, bermuda quadriculada azul e branca e um chinelo do homem-aranha. A família vivia há pouco tempo em Balneário Camboriú _ veio de São Paulo, onde mora o pai de Ícaro.

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A Polícia não acredita que o menino tenha saído de casa sozinho, até porque o prédio tem grades e segurança.

Durante as investigações foram coletadas amostras de roupas, do colchão, da parede do quarto e do carro do padrasto, que para a Polícia Civil é o principal suspeito. O material ainda está sob análise em Florianópolis, sem data para conclusão.

Paralelo a isso, policiais foram até a cidade de Bertioga (SP), onde o menino tem familiares, buscando indícios de que o menino pudesse estar vivo e em casa de parentes. Mas descartaram essa possibilidade.

De acordo com o delegado Farah, até agora nenhuma hipótese de que o menino esteja vivo mostrou-se coerente _ inclusive informações de que ele teria sido levado para fora do país.

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Câmeras de segurança nas imediações da casa de Ícaro tiveram as imagens analisadas, mas também não ajudaram a polícia a evoluir nas investigações.

No dia 28 de fevereiro o padrasto do menino, Alois Gebauer, de 41 anos, foi preso temporariamente devido às divergências em seus depoimentos e à informação de uma testemunha, de que ele teria perguntado quanto tempo um corpo demoraria para se decompor. Sem provas, ele foi liberado um mês depois.

De acordo com o advogado do padrasto, ele saiu da prisão muito abalado e continua afirmando inocência. Diz que perguntou a um conhecido sobre o tempo de decomposição por acreditar que a polícia estivesse “demorando muito” para concluir o caso, e por isso o culpado pudesse não ser encontrado.

O delegado Wanderley Redondo, da Delegacia de Pessoas Desaparecidas do Estado, afirmou recentemente que a polícia perdeu muito tempo no início da investigação porque não se imaginava a participação de familiares. Antes de Ícaro, a Delegacia de Pessoas Desaparecidas só havia registrado outros dois casos parecidos: o caso Emili, que até hoje não foi solucionado em Jaraguá do Sul, e o caso do menino Kaik, encontrado no ano passado em Balneário Piçarras.

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Segundo o delegado, o envolvimento de parentes dificulta o trabalho da polícia e a obtenção de informações. Redondo diz que em SC a maioria dos casos de desaparecimento de crianças está relacionado a brigas de família ou separação dos pais.