A falta de coerência e o comportamento do padrasto do menino Ícaro Alexandre Pereira, sete anos, foram os motivos alegados pela Divisão de Investigações Criminais (DIC) de Balneário Camboriú para pedir a prisão temporária do homem. O mandado foi cumprido no domingo pela manhã na casa da família e tem prazo de 30 dias.
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Nesta segunda, o desaparecimento completou 20 dias. Para o delegado titular da DIC, Rodolfo Farah, o padrasto Alóis Gebauer, 41 anos, apresentou várias divergências em depoimento. Segundo o responsável pela investigação, a maior parte diz respeito à rotina do homem no dia do desaparecimento de Ícaro, que não ficou esclarecida.
– A conduta dele não é comum nesse tipo de caso e foi o seu comportamento que o colocou como suspeito. É uma medida extrema, mas necessária para dar seguimento à investigação – afirma Farah.
O delegado relata que a motivação para o desaparecimento de Ícaro ainda não ficou clara. Por isso, a polícia trabalha com várias hipóteses, entre elas sequestro, cárcere privado, homicídio e desaparecimento. Já foram ouvidos vizinhos, professores, familiares e conhecidos e, ainda nesta semana, Farah pretende ouvir Gebauer novamente.
Nos próximos dias laudos periciais devem ajudar a polícia a esclarecer algumas hipóteses. Nesta terça-feira, os veículos da família vão passar por perícia para tentar identificar vestígios biológicos do menino, como sangue. Semana passada o quarto de Ícaro também foi periciado e lacrado.
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Contraponto
O advogado da família, Frederico Goedert Gebauer, acredita que a prisão do padrasto foi precipitada e sem necessidade, já que todos estavam colaborando com a polícia. Frederico explica que ainda está analisando os documentos que levaram a prisão de seu cliente para ver o que pode ser feito juridicamente.
– Não tem cabimento, a família estava colaborando com a polícia. Até o celular do Alóis foi entregue para a DIC. Acho que isso é uma tentativa de dar uma resposta à sociedade sobre o sumiço do Ícaro, mas não há indícios conclusivos contra o padrasto, ele é inocente – observa.
Frederico diz que a família está desesperada atrás da criança e que confia no trabalho dos policiais para encontrar a verdade e o paradeiro do menino.
O sumiço
Ícaro desapareceu de casa no dia 9 de fevereiro, feriado de Carnaval. Ele teria ficado sozinho no apartamento da família, na Rua 3.450, no Centro, enquanto os pais trabalhavam e, ao voltarem para casa, não encontraram o filho. O sumiço foi notado por volta das 18h. A família veio de São Paulo para o litoral há seis meses e o menino conhece pouco as ruas da cidade. No dia do desaparecimento Ícaro vestia uma camisa pólo verde, uma bermuda quadriculada azul e branca e um chinelo do Homem-Aranha.
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Para a Polícia Civil, a criança não teria conseguido sair de casa sozinha, pois o prédio possui grades e segurança. Vizinhos também não notaram a presença do menino no imóvel no dia do desaparecimento.
De acordo com o delegado, câmeras de monitoramento nos arredores do bairro e em outros pontos da cidade foram analisadas, mas não trouxeram novidades ao caso. Outro fato notado pela polícia foi que o menino fez xixi na cama no dia do sumiço, o que não era comum.
– O colchão será examinado pela perícia, pois ele não usava fralda desde um ano de idade, segundo a mãe – afirma Farah.
A polícia também investigou a possibilidade da disputa pela guarda da criança com o pai biológico ter sido o motivo do desaparecimento, mas não confirmou essa hipótese. Outras quatro denúncias sobre o possível paradeiro de Ícaro também foram apuradas e descartadas.
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Vizinhos viam Ícaro poucas vezes
A família de Ícaro é considerada reservada pelos vizinhos. De acordo com uma mulher, que não quis se identificar, tanto a mãe quanto o padrasto não conversam muito com os moradores. Segundo ela, o menino costumava brincar no pátio do prédio, mas pouco sai de casa. No dia do desaparecimento, ela não viu a criança, apenas os pais saindo sozinhos.
Outro morador, que prefere ficar anônimo, comenta que fazia pouco tempo que a família morava no local e que viu poucas vezes o menino – na maioria delas ele estava brincando sozinho no pátio. Um homem, que também optou por não se identificar, informou que nunca viu Ícaro no apartamento, nem barulho de criança nos dias que antecederam o sumiço.