A Polícia Civil pretende traçar um perfil do casal de policiais militares mortos a tiros em uma chacina com cinco membros da mesma família na Brasilândia, zona norte de São Paulo, na semana passada.
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A intenção é analisar a convivência entre o sargento das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Luís Marcelo Pesseghini e a cabo Andréia Pesseghini, além relação dos dois com filho, Marcelo Eduardo Pesseghini, de 13 anos, o principal suspeito dos crimes até o momento.
Apesar de o garoto ser apontado como o autor do crime, nenhuma hipótese de investigação foi descartada, como vingança ou crime passional. Desde o início do inquérito, a tese era de que, na madrugada do dia 5 de agosto, o garoto matou a tiros o pai, a mãe, a avó e uma tia-avó.
Depois, dirigiu até perto da escola onde estudava, esperou o dia amanhecer e assistiu à aula normalmente. Quando voltou para casa, teria cometido suicídio. A arma do crime foi encontrada na sua mão.
Agora, a polícia quer ampliar as linhas de investigação e focar na personalidade do casal de PMs, o que inclui ouvir colegas de trabalho e amigos civis. O Instituto de Criminalística vai fazer um laudo das ligações dos celulares dos pais de Marcelo e do restante da família. Um computador e um tablet apreendido na casa serão analisados.
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Até terça-feira, já haviam sido ouvidas 27 testemunhas. Sandra Feitosa, prima da cabo morta, acompanhou a mãe, tia da vítima, para ser ouvida no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Sandra disse que sua mãe foi convocada para dizer como os demais familiares ficaram sabendo da chacina.
– A gente não consegue acreditar. Não vejo como uma criança pode ter feito isso, um jovem – afirmou na saída do DHPP.
A polícia também tomou o depoimento na tarde de terça de uma diretora do Colégio Stella Rodrigues, onde Marcelo estudava, e de um colega de classe do garoto. Segundo o delegado do caso, Itagiba Franco, as duas testemunhas compareceram ao DHPP por volta das 14h. Eles foram ouvidos até as 20h.
Segundo Franco, a polícia ainda deverá procurar uma vizinha da família que disse ter visto duas pessoas – entre elas um PM fardado – na residência na tarde em que os crimes foram descobertos.
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O número de testemunhas pode crescer ainda mais, uma vez que o DHPP deverá chamar todos os cerca de 30 policiais que estiveram na cena do crime logo após a chacina. Para a polícia, há sinais de que o local não foi preservado corretamente antes da chegada da equipe do IC.
Uma das mais importantes provas para desvendar como aconteceram as cinco mortes é o laudo do exame nos corpos das vítimas. A polícia já pôs em xeque um indício de que haveria uma diferença de 10 horas entre o assassinato do pai e da mãe.
A divergência no resultado da perícia nos corpos, segundo as investigações, poderia ter sido causada pela sequência de exames entre as vítimas – o pai teria sido analisado primeiro, em um intervalo de 10 horas em relação à mãe.