Uma operação conjunta entre Polícia Federal, Polícia Civil e Polícia Militar no Litoral, nesta sexta-feira, resultou na prisão de cinco suspeitos de integrar uma quadrilha envolvida em sequestros de gerentes de bancos e pelo menos uma explosão de caixa eletrônico no Estado. Apontado como o chefe da organização, Eliel Silvestre de Freitas, 30 anos, foi morto pela polícia dentro do apartamento onde estava morando na Barra Sul, bairro nobre de Balneário Camboriú. Para a polícia, as prisões representam a desarticulação de um dos bandos criminosos mais perigosos em atuação em Santa Catarina.

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– É uma quadrilha perigosa e violenta – afirma o delegado Anselmo Cruz, da Divisão de Roubos e Antissequestro da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), que comandou a operação junto com o delegado Alexandre Braga, da Polícia Federal, o delegado Osnei Oliveira, da Divisão de Investigações Criminais de Balneário (DIC) e o subcomandante do 12º Batalhão da PM, major Eder Oliveira.

O bando estava no alvo da Polícia Civil há mais de um ano. As investigações começaram pela suspeita de envolvimento em sequestros de familiares de tesoureiros de agências bancárias em Lages, Tijucas, Rio dos Cedros e Xaxim – este último, caso em que a esposa e a filha do bancário, uma bebê de seis meses, foram levadas como reféns, em abril do ano passado.

De acordo com a polícia os crimes eram orquestrados por Freitas e outros quatro suspeitos detidos em Balneário, Camboriú e Itajaí cuidavam da logística da ação: faziam o acompanhamento das vítimas e traçavam as estratégias. Outros criminosos eram recrutados no Paraná para executar os planos.

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Mudança de foco

Depois da sequência de sequestros no Estado, que ocorreu entre 2013 e 2014, a quadrilha teria, aparentemente, mudado o foco de atuação. Em 1º de março protagonizou a explosão de um caixa eletrônico da Caixa Econômica Federal na Avenida Martin Luther, em Balneário, marcada pela crueldade. Munidos de armamento pesado, pelo menos 10 homens renderam o vigia e motoristas que passavam pelo local para bloquear as vias de acesso. As vítimas foram obrigadas a formar um cordão humano numa tentativa de evitar a aproximação da polícia.

O assalto terminou em troca de tiros com a PM e fez com que a Polícia Federal passasse a integrar as investigações – como a Caixa é bem público e patrimônio da União, cabe à PF elucidar os crimes que envolvem o banco. Na ocasião, o que chamou atenção foi a ação incomum. Geralmente a explosão de caixas eletrônicos acontece em cidades pequenas, com pouco efetivo policial, o que facilita a fuga. Mas a quadrilha escolheu uma das vias mais movimentadas de uma cidade de vida noturna intensa.

Segundo a polícia, Freitas não apenas organizou esse ataque mas participou ativamente. Desde então, ele vinha sendo monitorado pela PF e pela Polícia Militar, além da Polícia Civil.

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O acompanhamento resultou, no mês passado, na apreensão de um carro Sandero prata, que estava estacionado em frente ao prédio onde ele morava, na Rua 3704, com placas frias. Levado para a delegacia e aberto por um perito, o carro estava equipado com três quilos de dinamite – o que reforça as suspeitas da polícia de que um novo ataque a caixa eletrônico seria feito em breve.

Currículo criminoso

Apontado pela polícia como o mentor da organização, Eliel Silvestre de Freitas fez carreira no crime no Paraná. No currículo, três mandados de prisão em aberto e duas fugas de unidades prisionais do Estado vizinho. Em uma delas foi baleado por um policial, o que o deixaria com dificuldade de caminhar pelo resto da vida.

Segundo informações da polícia, Freitas mudou-se para Balneário Camboriú e há quatro meses vivia em um prédio de classe média na Rua 3704. Para os vizinhos apresentava-se como Rafa, e era assim, pelo nome falso, que era chamado também pelos familiares.

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Discreto, aparentemente não levantava suspeitas na vizinhança. Quando os cinco policiais designados a prendê-lo entraram em seu apartamento, na manhã desta sexta, ele dormia em um colchão na sala de onde podia ver bem a porta. De acordo com os policiais, ao ser surpreendido ele sentou na cama e apontou um revólver calibre 38. A polícia reagiu e atirou.

Freitas chegou a ser socorrido, mas morreu a caminho do hospital.

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