O terço de pérolas falsas estava intacto no pescoço do adolescente de 15 anos, sentado num carro, na 8a DP dos Ingleses, enquanto aguardava para dar sua versão do suposto sequestro do qual teria sido vítima, nesta sexta-feira, dia 29, em Florianópolis.
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A Políca Civil acredita que ele pode ter forjado o crime. O terço e o modo como sua camisa branca estava rasgada são alguns indícios que sustentam a suspeita.
Dois homens entraram na casa do jovem, nos Ingleses, por volta das 7h30min. Amarraram a empregada e deram uma coronhada na avó do adolescente. A arma seria de brinquedo, de acordo com a polícia.
Os homens roubaram R$ 13 mil em dinheiro e levaram o adolescente, no carro da família. O jovem é filho de um empresário, que não quis comentar o caso. O DC não revela o nome da família para não expor o menor.
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Mais de 25 policiais militares do Grupamento de Polícia de Choque (GPChoque), do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), do Batalhão de Aviação (Águia), do patrulhamento de área, e policiais civis da 8a DP dos Ingleses e da Delegacia de Repressão à Roubos da Capital (DRR) foram mobilizados para atender a ocorrência.
O carro foi encontrado pela Polícia Militar cerca de 10h, em um condomínio do bairro Rio Vermelho, também no Norte da Ilha. Equipe do Instituto Geral de Perícias (IGP) também atuou no caso. Em nenhum momento os supostos assaltantes pediram resgate.
Por volta das 14h30min, o jovem foi achado por policiais da DRR, numa casa do mesmo condomínio. O local não era um cativeiro, mas a residência do amigo do suposto sequestrado, que também tem 15 anos de idade. Os dois estavam assistindo TV quando a polícia chegou.
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Para o delegado responsável pelo caso, titular da DRR, Luiz Felipe Rosado, a história tem diversos pontos que não se encaixam.
– A camisa do adolescente estava rasgada, mas o terço no pescoço estava intacto. Se alguém tivesse rasgado a camisa, teria rompido o terço também. O rasgo na camisa também parece ter sido feito pela própria pessoa que vestia. Ele estava usando anéis de prata e relógio. Como foi assaltado e não levaram esses pertences? – questionou Rosado.
Outros pontos observados pelo delegado são o fato do adolescente não ter ligado para a família assim que foi libertado; o jeito calmo dele não é o tipo de reação comum pós-trauma.
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– O crime de sequestro está descartado – afirmou o delegado da DRR.
Videoclipe de funk ostentação pode ser a motivação
Para a polícia, um videoclipe de funk ostentação pode ser o motivo para os adolescentes terem forjado o crime, caso esta linha de investigação se concretize. É que o amigo do adolescente de 15 anos é MC e estava tentando arrumar dinheiro para fazer o vídeo, que custaria exatamente o mesmo valor roubado pelos dois assaltantes: R$ 13 mil.
Foto no Instagram levou ao falso cativeiro
O local onde o jovem estava foi encontrado pela polícia por causa de uma foto na rede social Instagram. Quando os policiais foram à casa do adolescente, no início da tarde, para conversar com a família, o tio do adolescente mostrou fotos no Instagram do sobrinho.Entre elas estava a imagem do adolescente numa casa em construção. Na hora, ninguém achou nada anormal, mas os policiais levaram a foto que poderia eventualmente ajudar na investigação.
As equipes da DRR foram até o condomínio no Rio Vermelho onde o veículo estava. Chegando lá viram a casa que aparecia na foto do Instagram Quando entraram no terreno, a mãe do cantor de funk teria gritado pela janela:
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– Ele está aqui, ele está aqui!.
O adolescente de 15 anos parou de assistir TV e contou à polícia que teria sido libertado na Praia do Moçambique e caminhado até a casa do amigo funkeiro. Os dois foram encaminhados à 8a DP dos Ingleses e depois liberados.
O delegado Rosado e equipe com a apoio da PM identificaram à tarde os dois assaltantes. O delegado vai pedir à Justiça a prisão dos dois e a quebra de sigilo do celular esquecido no assalto. Imagens de câmeras vizinhas à casa podem ajudar no inquérito.
Família nega envolvimento do cantor de funk
Os avós do cantor de funk amigo do adolescente de 15 anos disseram que o neto não tem qualquer envolvimento com o assalto nem com o suposto sequestro. Falaram que o neto não estuda e trabalha numa lanchonete.
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– Nós saímos e ficamos sabendo da história na rua. Quando chegamos em casa e vimos que o amigo do nosso neto estava lá, pedimos para ele ligar para a mãe dele. Dissemos que a polícia estava em busca dele porque pensavam que tinha sido sequestrado – disse o avô do cantor de funk.
A avó falou que o videoclipe que o neto pretende fazer custaria R$ 2 mil e não R$ 13 mil. De acordo com ela, o dono da boate onde o neto canta pagaria pela filmagem.
O funkeiro cantaria num baile nesta sexta-feira à noite, numa boate de Canasvieiras.
– Com essa confusão, a mãe proibiu ele de sair de casa – contou a avó.
Confira como foi a ação da polícia: