Ao dar como certa a aliança entre PP e PSD, o deputado Gelson Merisio jogou gasolina na fogueira do PMDB, que neste sábado vai as urnas para decidir se apoia a reeleição de Raimundo Colombo ou se lança candidatura própria e disputa o governo. O vice-governador Eduardo Pinho Moreira rejeita qualquer possibilidade de ter o PP na chapa e ressalta o compromisso do governador Raimundo Colombo de que a definição sobre futuros parceiros será tomada em conjunto.
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Pinho Moreira faz ainda duras críticas a Gelson Merisio, considerado o grande “entrave” da coligação entre PSD e PMDB. O vice-governador ainda manda um recado: diz que o PMDB tem outras alternativas, caso o PSD insista em ter o PP na chapa.
Leia, a seguir, a entrevista:
Diário Catarinense – O senhor tem essa mesma sensação do senador LHS sobre esse sentimento anti-PP?
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Eduardo Pinho Moreira – Eu tenho a sensação anti-PP dentro do PMDB e a sensação de que o (Gelson) Merisio também é anti-PMDB. O Merisio é o grande entrave desta coligação. Ele faz essa pose de mocinho, mas tem uma forma truculenta de fazer política. E ele aplicou isso lá no Oeste. O grande problema que nós temos hoje para a manutenção da coligação está exatamente lá na região do Merisio, devido a forma truculenta, prepotente, pela maneira como ele tenta se impor, usando a máquina do governo. Ele está muito mais usufruindo do que colaborando com essa coligação.
DC – Então, pelo que o senhor está dizendo, essa aliança entre PSD e PP ainda não é realidade?
Pinho Moreira – Na verdade, nosso interlocutor nunca foi o Merisio, é o governador Raimundo Colombo. O governador disse pra mim, para o Luiz Henrique e para o Cobalchini que primeiro haveria a decisão do PMDB. E PSD, leia-se Raimundo Colombo, e PMDB juntos vão escolher os parceiros e a forma como esses parceiros vão estar dispostos na chapa. Então, essa decisão do Merisio, é dele. Na verdade, em todos os momentos, o Merisio tentou atrapalhar a aproximação do PMDB com o PSD. Ele fez isso em Joinville, em Caçador… Onde ele pode, ele tenta nos atrapalhar. Tenta colocar o PMDB submisso ao PSD. Lá no Oeste ele fez isso no Oeste e em alguns lugares ele até conseguiu. Mas no Estado de Santa Catarina, ele vai enfrentar resistências fortíssimas, a começar por mim, pelo Luiz Henrique, pelo Casildo Maldaner. Não aceitamos! Não somos tutelados por ninguém, muito menos pelo senhor Merisio.
DC – Pelo que o senhor está me relatando, posso concluir que foi grande a repercussão no PMDB às declarações do deputado Gelson Merisio, que na quinta-feira deu como certa a aliança entre PP e PSD.
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Pinho Moreira – Muito negativamente. Só que, repito mais uma vez, ele não é o nosso interlocutor. O nosso interlocutor é Raimundo Colombo.
DC – E o senhor conversou com o governador ontem (quinta-feira)?
Pinho Moreira – Falei, claro que sim. E ele me disse que iria conversar com o Merisio, disse que não concordava. Colombo falou com o Luiz Henrique, logo depois de falar comigo. E ele disse que mantém o compromisso de que não há nenhum acordo fechado com o PP.
DC – Existe a possibilidade de PMDB, PSD e PP juntos?
Pinho Moreira – Não, de jeito nenhum. Num determinado momento, o PSD vai ter que optar entre nós e o PP. Não se iluda. Esse sentimento anti-PP nós percebemos, estamos andando por Santa Catarina. Cruza de cobra d´água com jacaré não dá nada. Como é que vão colocar num mesmo palanque o PP com Luiz Henrique e Paulo Afonso? Se ganhar a tese de manter a manutenção da coligação, como acredito que vai acontecer amanhã, essa tese vai prevalecer e o PMDB vem como um todo. Nós temos essa condição. O PMDB está acostumado com disputas internas. Não é a primeira nem a segunda, terceira nem será a última vez. Em 2010 foi assim. Na convenção do PMDB, o Edson Andrino colocou o nome dele e recebeu um terço dos votos, no entanto todos vieram. E hoje o Edson Andrino é um dos defensores da manutenção da coligação. Então, PMDB está acostumado a disputas, mas é um partido indisciplinado durante a disputa, mas depois que está decidido, o PMDB é unido e vai unido.
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DC – PMDB e PP não conseguem superar essas divergências históricas?
Pinho Moreira – Não, não vão conseguir.
DC – Luiz Henrique e Esperidião Amin num mesmo palanque…
Pinho Moreira – Cruzes. Meu Deus do céu. Sem condições.
DC – Até que ponto as notícias em torno dessa aliança entre PSD e PP podem repercutir na pré-convenção de sábado?
Pinho Moreira – Parece um jogo premeditado do seu Merisio. Entendeu? Ele não gosta de nós, isso está claro, não gosta de nós. O grande entrave na coligação do PMDB com Raimundo Colombo é essa situação no Oeste de truculência. E agora estamos lá apaziguando as coisas. Estão querendo trazer essa realidade para o Estado, impor para o Luiz Henrique, para Casildo Maldaner e pra mim uma aliança… Isso não existe… Quem é Merisio? Ele é muito pequeno perto de nós todos, perto do tamanho do PMDB. Nós temos outras alternativas, não temos somente esse jogo.
DC – Quais seriam as outras alternativas?
Pinho Moreira – Vamos esperar o resultado de amanhã, consolidar o resultado da pré-convenção. E depois, nós vamos sentar com Raimundo Colombo. Se ele quiser chamar o Gelson Merisio, daí é problema dele. Vamos conversar com Raimundo Colombo.
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DC – Peemedebistas que se diziam favoráveis a manutenção da aliança com o governador estão falando em mudar de voto…
Pinho Moreira – Claro. O Merisio prestou um desserviço ao governador Raimundo Colombo. É um fato verdadeiro. E fez isso premeditadamente. Ele sabe e insiste nessa situação. Dizer que o PP já está na chapa… Ele está desmentindo o governador Raimundo Colombo.
DC – E o que vocês estão fazendo para não perder esses votos?
Pinho Moreira – Passei o dia de ontem andando pelo Estado dizendo uma coisa, daí vem o homem e diz outra pelo jornal, como se tivesse o poder de decisão… O que é isso? Que poder é esse que ninguém deu a esse Merisio? Nós não o seguimos, com toda a certeza. A nossa decisão, com certeza, não tem a menor influencia dele. Pelo contrário. Ele atrapalha.
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DC – A relação com o deputado Merisio não é das melhores…
Pinho Moreira – Não é, com certeza. Eu estou te dizendo: Merisio quer instalar em Santa Catarina a forma truculenta de fazer política. Ele fez isso lá na região dele, aqui não vai fazer, nós não vamos permitir.
DC – Existe a possibilidade de o PMDB aprovar no sábado a manutenção da aliança com Raimundo Colombo e recuar mais adiante se o PSD insistir em se aliar ao PP?
Pinho Moreira – Com certeza. Num determinado momento vão ter que fazer opção entre nós e eles. Nós estamos convencendo os nossos companheiros que vão votar amanhã de que a melhor proposta é a manutenção da coligação para governador. Eles vão votar amanhã lá duas teses. Primeira é manter a atual coligação para o governo. Não tem lá Senado. Está escrito isso. É para o governo. E embaixo, ter candidatura própria, são duas opções. Atual coligação, leia-se Raimundo Colombo, não está incluído o PP. E temos outros caminhos.
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DC – E isso passa pelo PT?
Pinho Moreira – O compromisso do governador Raimundo Colombo é de que, depois da pré-convenção do PMDB, nós vamos sentar para decidir os parceiros. É claro que apoios, todos são bem-vindos. É assim que funciona na política. Agora, os nomes que vão para a chapa majoritária, é outra discussão que tem de ser feita pelos atores principais: Raimundo Colombo e o PMDB.
DC – E o senhor seria o vice?
Pinho Moreira – Essa é uma condição que vamos discutir mais a frente. Seria a solução natural, mas isso vai ser discutido com o governador Raimundo Colombo, que terá o direito de opinar, é claro. O PMDB é PSD, leia-se Raimundo Colombo, vão se sentar e definir os parceiros. É uma negociação estratégica e de alto nível. Agora, o Merisio querer impor quem estará nessa chapa, não tem a menor condição. Merisio não tem esse poder. E se isso acontecer, daí o PMDB discutirá sua posição.
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