Apesar de o senador Luiz Henrique ter relatado dificuldades na presença do PMDB em uma composição com seu rival histórico, o PP, o presidente do PSD, Gelson Merísio, afirma que a questão não está mais em discussão. O partido que terá como candidato o atual governador já teria fechado a composição com o Partido Progressista, em uma espécie de evolução natural do apoio dado dentro da Assembleia Legislativa pela legenda sem nem mesmo participar com cargos no governo.
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Ele minimiza o assunto, no entanto, ao dizer que o partido trabalha muito para os dois partidos superem as diferenças e lembra que um processo semelhante já aconteceu quando Luiz Henrique era governador, em que o próprio PMDB atraiu o então PFL para o apoio ao governo e depois para uma aliança eleitoral.
DC – A decisão do PMDB na pré-convenção é um momento quase definitivo para os encaminhamentos de quem estará na eleição ao governo deste ano. Qual a expectativa do PSD?
Merísio – Se prevalecer a lógica das lideranças, não há dúvida de que a tese que defende a continuidade no governo – não é participação, é continuidade – deve ser a vencedora. O PMDB participa de todas as decisões importantes e de impacto do atual governo.
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DC – O PSD vem se aproximando do PP desde 2011 e já deu sinais de que tem interesse de ter o partido na aliança. Como administrar essa rivalidade histórica para ter os dois partidos na aliança?
Merísio – A eleição correu de uma forma muito semelhante em 2006, quando o então governador Luiz Henrique disputou a reeleição e foi buscar um grupo extremamente distante, que era o PFL na época, do qual nós fazíamos parte e não tínhamos nenhuma afinidade com o PMDB. Fizemos uma construção legislativa entre as bancadas que no fim acabou se tornando uma aliança eleitoral onde se superaram as diferenças. Assim como agora, houveram reações, o que têm que ser respeitado.
DC – E a rivalidade histórica?
Merísio – Entendo que essa dificuldade inicial vá diminuindo ao longo do processo. Até porque o PP também apoio esse governo – que é PSD e PMDB – desde o primeiro dia dos trabalhos na Assembleia. Participar da chapa agora é só um passo a mais, um passo à frente, que será dado. Vai se construir um ambiente adequado à convivência.
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DC – Qual a posição do PSD, caso o PMDB queira indicar nomes para vice e Senado na chapa?
Merísio – Essa hipótese não existe. Já temos a definição de que o PP estará na chapa majoritária. O PMDB tem consciência disso, entende que vai ter dificuldades com o PP, mas que serão superadas. Até porque o candidato a governador é do PSD, que não tem nenhum problema de relação com o Partido Progressista. Nós temos que compreender essas dificuldades e ajudar a minimizá-las.
DC – O PSD considera a possibilidade de ter que escolher PMDB ou PP?
Merísio – Nós escolhemos os dois. Como em dezembro o PMDB não tinha condições internas para fazer uma decisão naquele momento e o PP foi possível termos esse encaminhamento, já temos ele formulado com o último. Por isso vamos fazer todo o esforço para termo o outro também. Mas, sinceramente, eu não acredito que cheguemos a esse momento. Passada a convenção, será outro ambiente. Teremos com certeza uma ampla aliança, que é boa para o Estado. Não pode se pensar apenas na reeleição, é necessário pensar no administrativo, na governabilidade.
DC – Se vencer a ala do PMDB que defende a manutenção da aliança com o governo Colombo, que espaço o partido terá em um eventual segundo mandato do govenador?
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Merísio – O PMDB é um partido grande e a geografia das urnas tem que ser respeitada. Terá uma importância muito grande no próximo governo, como tem agora. Se você fizer uma fotografia do governo, vai perceber a importância que tem o PMDB.
DC – Se vencer a ala do PMDB que defende a candidatura própria, o PSD vai buscar o apoio do PSDB novamente? Apoiaria o senador Aécio Neves à presidência da República neste cenário?
Merísio – Na questão presidencial temos uma coisa muito clara. Não podemos voltar atrás em algo que é coerente. Vamos reconhecer publicamente o apoio que tivemos da presidente Dilma e do governo federal para as ações em Santa Catarina. Eleitoralmente, cada cidadão vai escolher se deve reconduzir, assim como vai escolher também se vai reconduzir nosso governador Raimundo Colombo.
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DC – E sobre o PSDB?
Merísio – Agora, não vencendo a tese do PMDB conosco, nós vamos buscar sim a composição com o PSDB de Santa Catarina. Vamos construir em torno de Colombo junto com os dez partidos que já anunciaram apoio à sua reeleição a construção de outra aliança forte e robusta que permita, além de uma boa eleição, ter uma base sólida na Assembleia.
DC – Qual a posição do PSD sobre uma aliança com o PT, que em Santa Catarina é oposição ao governo? Remota?
Merísio – Ela não é remota, é impossível. Nós com o governo federal construímos nos últimos três anos uma parceria, sempre com o interesse público preservado, e isso acaba depois também se refletindo em uma questão eleitoral. Com o PT do Estado é o contrário. Durante os três anos de mandato fez uma oposição severa e rude com o governador. Não tem como, na boca da eleição, ser alterado. Seremos adversários em Santa Catarina.
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DC – Se vencer a ala do PMDB que defende a manutenção da aliança com o governo Colombo, o PSD se compromete a apoiar o candidato do PMDB ao governo em 2018?
Merísio – Essa questão ocorreu também em 2006 na eleição do governador Luiz Henrique. Houve a mesma colocação, mas inversa. Nós que buscávamos ter uma candidatura ao governo, que acabamos tendo, o governador Raimundo Colombo. O encaminhamento que foi dado lá é o mesmo que tem que ser dado agora. Se em 2018 o PMDB tiver o candidato natural, o que é muito provável que ocorra, até porque deve concluir o mandato do governador, é absolutamente natural o nosso apoio a um processo de reeleição ou de encaminhamento para o PMDB. Agora, deixar isso definido quatro anos antes é impossível. Se for, vai ter o nosso apoio com certeza.