Apesar de viver em uma cidade litorânea, a população de Florianópolis apresenta valores insuficientes de vitamina D – adquirida pela exposição ao sol aliada ao consumo de alimentos como os peixes sardinha e salmão.
Continua depois da publicidade
O dado é do EpiFloripa Adulto 2014 e 2015, estudo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para avaliar a saúde dos moradores da Capital, que nesta etapa incluiu pela primeira vez amostras de sangue. A pesquisa acompanha os mesmos florianopolitanos desde 2009, na primeira edição analisou 1.720 pessoas e nesta alcançou 800.
– Os valores médios encontrados no estudo mostram que tanto mulheres quanto homens apresentaram quantidades insuficientes de vitamina D. Ainda não se trata de deficiência, porém, os valores estão bem próximos disso, especialmente em mulheres – explica a nutricionista Carla Zanelatto, que participou das pesquisas.
Ela explica que essa vitamina é fundamental na absorção do cálcio no organismo e exerce influência no sistema imune e cardiovascular.
Continua depois da publicidade
Secretaria estuda causas
A Secretaria de Saúde de Florianópolis é uma das parceiras da pesquisa. Um dos objetivos é que os dados sejam utilizados para nortear o desenvolvimento de ações públicas com base nas maiores carências da população. Com relação à vitamina D, a Secretaria ainda não tem ações específicas planejadas, pois precisa analisar as causas:
– Chama atenção o fato do baixo valor de vitamina D por estarmos em uma cidade litorânea, a princípio era para as pessoas terem uma exposição mínima ao sol. Mas, ainda não olhamos com cuidado esses dados e vamos analisar para ver como podemos atuar sobre este problema – afirma a diretora de planejamento da Secretaria, Daniela Baumgart Calderon.

Outra revelação de destaque é que os valores de colesterol HDL, o bom, está inferior ao recomendado. Ele é responsável por fazer a limpeza das artérias ajudando a diminuir o acúmulo de gordura, que pode impactar em doenças cardiovasculares.
Continua depois da publicidade
O professor do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), João Luiz Bastos, um dos atuais coordenadores do estudo, explica que o grupo pretende seguir o acompanhamento, mas para isso depende de editais de financiamento de pesquisa.
Aumento de peso seis vezes acima do recomendado pela OMS
A pesquisa também constatou que o sobrepeso e a obesidade cresceram, embora a quantidade de pessoas que praticam atividade física no horário de lazer também tenha aumentado . No começo da pesquisa, 47% dos entrevistados apresentavam sobrepeso ou obesidade. Depois de quatro anos, esse percentual subiu para 60%. Em contrapartida, no início 46% realizavam alguma atividade física no lazer e, em 2015, esse índice subiu para 56%.
David Alejandro González Chica, um dos coordenadores do EpiFloripa 2014, ressalta que, apesar de ser esperado um aumento de peso por tratar-se de uma pesquisa que investiga as mesmas pessoas ao longo do tempo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que esse aumento de peso deve ser de, no máximo, cinco quilos durante toda a vida adulta da pessoa.
Continua depois da publicidade
– Isso significa que o esperado é que a pessoa aumente no máximo meio quilo a cada quatro anos. O estudo verificou um acréscimo de um quilo e meio a cada dois anos, ou seja, seis vezes mais do que o preconizado pela OMS.
Saiba por que Florianópolis é destaque em boa alimentação e atividade física
O pesquisador, que atualmente é professor na Universidade de Adelaide, na Austrália, aponta que embora tenha aumentado o número de pessoas que praticam atividade física, ainda está muito longe de se atingir a meta do Ministério de Saúde de que 90% da população seja ativa até 2025, o que pode ser um dos motivos do aumento do excesso de peso e obesidade, constata.
A diretora de planejamento da Secretaria de Saúde de Florianópolis afirma que há trabalhos de prevenção à obesidade na Capital, um deles visa estimular a alimentação saudável junto às escolas.
Continua depois da publicidade
Entenda o EpiFloripa
O projeto idealizado pelo professor Marco Aurélio Peres aplica questionários e afere pressão arterial, peso e altura de adultos entre 20 e 59 anos em Florianópolis. Até agora, três etapas foram realizadas – 2009, 2012 e 2014 – sendo as coletas da última se encerraram em junho deste ano. Pela primeira vez, exames de sangue e de imagem foram realizados.