A imagem arquetípica dO Louco, no tarô, vem geralmente representada pela figura do homem que caminha na beira do abismo. Que segue o destino desprendido da angústia de não saber o que está por vir. E que não teme a queda: pode ser que caia. Ou pode ser que voe. Inspirados na alegoria do arcano, que compartilha com as figuras do bobo e do palhaço a mesma simbologia, os (A)gentes do Riso fazem a partir de hoje até sexta (18) intervenções cênicas em quatro cidades da Grande Florianópolis – Biguaçu, São José, Palhoça e Florianópolis. Os locais e horários da performance de O Abismo não foram divulgados de propósito. Eles querem que o público se surpreenda e teste a capacidade de voo depois de atravessar uma situação aparentemente negativa, como cair.

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O coletivo artístico (A)gentes do Riso é conhecido por levar a arte do palhaço para hospitais. Há cinco anos os palhaços doutores intervêm na rotina de pacientes em tratamento e humanizam o ambiente por meio do riso e da poesia. O trabalho é coordenado pela Traço Cia de Teatro, grupo de Florianópolis que este ano comemora 15 anos de atuação.

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– A representação do louco, bobo e palhaço sempre foi lugar de estudo para nós. O louco segue o instinto sem medo de cair e entendemos o palhaço dessa maneira. Trabalhamos essa metáfora de outro modo, o de lançar-se nesse abismo e com a possibilidade de voar cada vez mais – diz a atriz Débora de Matos.

Uma escada representará o abismo nas performances. Combinando teatro e circo, os palhaços irão propor aos transeuntes que participem da brincadeira e sigam em direção ao precipício simbólico. A ideia é que esse movimento impulsione nas pessoas a superação dos limites, a ruptura com o cotidiano e com seus padrões e limitações.

– É o ato de lançar-se e descobrir um modo de voar. Que lugar é esse, quando você se coloca em risco e se vê voando? Algumas pessoas viverão isso, outras irão apenas assistir. Cada um estará onde quiser estar. O voo é livre – instiga a atriz.

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ATRAVESSAR A VIDA DAS PESSOAS

A performance não tem a pretensão de ser um espetáculo teatral clássico, com começo, meio e fim. Não tem dramaturgia mas segue uma linha coerente. Em determinados momentos a intervenção será feita em trânsito, noutros num local específico.

– Não é uma obra. Mas vai atravessar a vida das pessoas. Que depois seguirão a sua jornada. Assim como nosso trabalho no hospital, em que entramos no espaço que alguém ocupa, iremos entrar no espaço da rua, que é heterogênea e ocupada por muitos alguéns. Vamos entrar e atravessar um momento específico da vida delas e propor uma relação afetiva com esse instante do dia – afirma Débora.

O Abismo foi contemplado com o Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura de 2014 e faz parte da série de atividades em comemoração aos 15 anos de carreira da Traço.

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CRONOGRAMA

Hoje: Biguaçu

Amanhã: São José

Quinta: Palhoça

Sexta: Florianópolis