Os blumenauenses que acordaram cedo nesta quarta-feira e não encontraram ônibus circulando pela cidade já nem pareciam surpresos. Pelo terceiro mês consecutivo a história se repetiu: paralisação dos funcionários da empresa Nossa Senhora da Gloria e mais de 60% das linhas do transporte coletivo afetadas. As saídas encontradas e testadas nas paralisações dos últimos dois meses foram colocadas em prática novamente. Carona solidária, táxi ou caminhada, de algum jeito as pessoas tentaram driblar a situação e ir para casa, trabalho ou escola.

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::: Trabalhadores da Glória aguardam resultado de reunião em frente à empresa

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– Estou convivendo com isso todo mês, mas até agora não perdi nenhum dia de trabalho. Sempre dou um jeito – disse a doméstica Maria Araújo, de 45 anos, que por volta das 7h caminhava pela Rua Francisco Vahldieck, na Fortaleza, em direção ao terminal do bairro.

Sem ônibus na região, ela precisou andar pelo menos 45 minutos para conseguir pegar o primeiro transporte até o trabalho, no bairro Ponta Aguda.

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Os terminais da Fortaleza e do Garcia foram os mais afetados, com todas as linhas feitas pela Gloria. Para amenizar a situação, carros da Rodovel e da Verde Vale faziam os troncais 10 (Aterro – Garcia) e 17 (Fortaleza – Fonte) em horários reduzidos. O problema dos moradores era chegar até o terminal. Muitos entravam e saiam para completar a viagem a pé, ou esperavam alguma carona para encarar o trânsito que se formava na cidade.

A auxiliar de cozinha Sonia Santos foi uma das que desembarcou do único ônibus que chegava ao terminal do Garcia e precisou encarar o frio do começo do dia para chegar ao trabalho, no bairro Progresso. A cena se repetia entre outros que chegavam e encontravam o normalmente movimentado terminal sem nenhum ônibus. Movimento que também refletia nos trabalhadores que vivem do comércio dentro dos terminais. Na Fortaleza, a tradicional Lanchonete do Pipoca era a única porta aberta às 5h, onde Luís Vitorino, o Pipoca, olhava para um terminal completamente vazio.

– A essa hora isso aqui já é bem movimentado. Eu só estou aberto porque tenho uma janela para vender pro lado de fora do terminal também, aqui não tem ninguém.

Uma das pessoas que normalmente estariam no terminal era a jovem Morgana Garcia Borges. Sem saber que havia uma paralisação na cidade, ela aguardava sozinha em um ponto de ônibus no bairro Tribess. Quando soube que nenhum ônibus passaria ali pelas próximas horas, colocou a mochila nas costas e iniciou uma caminhada em direção ao Terminal da Fortaleza.

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Funcionários passaram a manhã reunidos

No lado dos trabalhadores paralisados, o ponto de encontro foi o Caça e Tiro Itoupava Norte, onde os funcionários da Glória se reuniram para a assembleia que iria determinar os próximos passos da paralisação. Enquanto aguardavam o término de uma reunião entre o sindicato da classe e o Seterb, os trabalhadores debatiam a situação repetitiva ou passavam o tempo jogando cartas.