A polêmica e controversa obra da Passarela da Barra será inaugurada nesta quarta-feira, no fim da tarde, pela prefeitura de Balneário Camboriú. Projetada para ligar a Barra Sul ao histórico bairro da Barra, com acesso exclusivo para pedestres e ciclistas, a empreitada que custou R$ 30 milhões aos cofres públicos será aberta com dois anos de atraso, após ter sido envolvida em suspeitas de corrupção.

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A estrutura é gigantesca: são 190 metros de uma ponta a outra e 57 metros de vão livre – o equivalente a um prédio de 22 andares. Para subir, há escadas e elevador. A altura levou em conta a necessidade de deixar espaço aberto para a passagem de embarcações. Lá em cima, a vista é de encher os olhos e revela o contraste entre a orla cercada por arranha-céus e o bucólico bairro da Barra, onde a cidade nasceu. A região é lar de construções históricas como a igrejinha de Santo Amaro, ainda desconhecida de boa parte dos turistas.

Relembre

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O objetivo principal da passarela era dar acessibilidade ao bairro. Mas apresentar a Barra como atração de Balneário Camboriú trará vida nova à comunidade- e pode representar a redenção de uma obra que foi alvo de inúmeros questionamentos. A prefeitura encaminhou para a Câmara de Vereadores um projeto de lei para a concessão de dois restaurantes e seis quiosques no piso superior, e mais dois bares ou lanchonetes na parte de baixo.

Para complementar o incremento turístico da Barra, o bairro vai ganhar espaço para esportes, um mercado do peixe e reforço n a segurança, com bases da Polícia Militar e da Guarda Municipal. A passagem é gratuita e ficará aberta 24 horas.

Cercada de polêmicas

Coube à Passarela da Barra papel de protagonista na Operação Trato Feito, deflagrada pelo Grupo Especial de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em setembro de 2014. As investigações trouxeram à tona suspeitas de superfaturamento que resultaram em mudanças administrativas na prefeitura e fizeram da obra uma “pedra no sapato” do prefeito Edson Piriquito (PMDB).

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Os processos relacionados à investigação ainda tramitam na Justiça, protegidos por sigilo. Mas não são o único impasse que envolve a estrutura. Este ano, após análise de uma comissão que avaliou os serviços prestados pela construtora Helpcon, a prefeitura cancelou o contrato, emitiu multa de R$ 3 milhões e pediu indenização de R$ 900 mil por suposta negligência na fiscalização para autorizar os pagamentos, ação que inclui o Badesc.

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As duas ações esbarraram no fato de que a construtora, que tinha sede em Joinville, não foi mais localizada no endereço que constava em contrato. A procuradoria do município pediu à Justiça uma intimação em edital, para poder dar sequência aos processos. A própria construtora também recorreu à Justiça, exigindo pagamentos por parte da prefeitura – sinal de que o imbróglio ainda deve se estender.

Homenagem

A Passarela da Barra ganhou o nome de Manoel Firmino Rocha, o primeiro balseiro do rio Camboriú, que trabalhou na travessia de 1950 até 1985. Naquela época, até carros atravessavam na balsa. O serviço acabou minguando depois que melhorias na BR-101 incentivaram os motoristas a usar a estrada. Mas o Maneca da Passagem, como ficou conhecido,entrou para a história. Nos últimos anos, só era feita travessia de pedestres. A balsa que hoje está fazendo o serviço permanecerá operando até dezembro, quando termina o contrato com a prefeitura.

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