Novas evidências levaram a Polícia Civil a indiciar Marcelo Buss Bernardes – preso em flagrante há uma semana suspeito de negligência na morte do enteado, Ítalo Fernandes de Mattos, de um ano e sete meses – por homicídio doloso (quando há intenção de matar). O inquérito da polícia foi encaminhado na sexta-feira ao Ministério Público Estadual, que vai apresentar a ação penal dentro dos próximos cinco dias úteis.

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O delegado do caso, Wanderson Alves Joana, diz que solicitou a prisão preventiva de Marcelo por homicídio doloso depois de analisar indícios que reforçam a suspeita de que o menino foi vítima de agressão, e não apenas de uma queda acidental.

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O laudo do IML apontou que a criança tinha lesões anteriores no ombro, nas pernas e nos braços, além de arranhões nas costas, que seriam compatíveis, com arrastamento, como se a criança tivesse sido arrastada pelo chão áspero -, afirma Alves.

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– Além disso, o depoimento de quatro testemunhas (professores e familiares) evidenciou que Marcelo não tratava bem a criança.

Isso teria, inclusive, motivado denúncia do pai de Ítalo ao Conselho Tutelar, que chegou a notificar a mãe, conforme ofício entregue na sexta-feira pelo órgão ao MP.

Alves ressalta, ainda, que a própria mãe da criança teria demonstrado surpresa, em depoimento prestado ontem à polícia, ao ver os machucados nas costas do filho (fotografados pelo legista), já que quando ela havia saído para trabalhar, na sexta-feira à noite, a criança não apresentava os ferimentos.

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– Uma foto, tirada no Centro de Educação Infantil por professoras do menino, também mostra que até aquele momento ele não tinha ferimento algum -, complementa o delegado.

Outro fato que aumentou a desconfiança da polícia foi o comportamento de Marcelo logo após a morte da criança, antes mesmo de ser preso, quando encaminhava os trâmites para o funeral do enteado.

– Ouvimos testemunhas que afirmam que Marcelo queria acelerar o processo e sepultar a criança o mais rápido possível, sem velório -, diz o delegado.

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De acordo com Alves, a perícia no local da morte de Ítalo já foi concluída e uma reconstituição deve ser realizada nos próximos 15 dias para tentar esclarecer o que teria ocorrido naquela noite.

– A realização da simulação depende da participação do suspeito, que era a única pessoa na casa naquele momento. Aacredito que ele não deva se recusar a participar, afinal, é o principal interessado em esclarecer os fatos -, diz o delegado.

Alves diz também que não está descartado um possível indiciamento da mãe. Ele tem ouvido testemunhas para verificar se ela sabia que era perigoso deixar o filho sozinho com Marcelo. A mãe não fala sobre o assunto.

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Defesa quer revogar prisão de suspeito

Enquanto a polícia busca provas para entender o que aconteceu com Ítalo, a defesa tenta revogar a prisão de Marcelo, solicitando o relaxamento do flagrante. A advogada de Marcelo, Amália Reiter Kleinowski, alega que o laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que os traumatismos no crânio (na testa e na nuca) são compatíveis com uma queda, o que não comprovaria que houve violência doméstica.

– Acredito que o juiz deva apresentar uma decisão até segunda-feira sobre o pedido de revogação -, diz a advogada.

A versão do suspeito é de que a criança teria caído de uma cadeira, batido com a testa em uma mesa e com a nuca no chão. Após a queda, a criança vomitou e Marcelo teria colocado uma bolsa com gelo na cabeça dela, antes de colocá-la para dormir. Por volta das três horas, Marcelo teria deixado a criança sozinha e saído para buscar a mãe dela, Michely Fernandes, na casa noturna onde ela trabalha. Ao chegar em casa, Michely notou que o filho passava mal. A família buscou socorro no PA Norte, onde o menino foi reanimado e encaminhado para o Hospital Infantil, mas não resistiu e morreu antes mesmo de dar entrada na emergência.

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