O futuro do analista de sistemas Marcelo Buss Bernardes, 42 anos, acusado de matar o enteado Ítalo Fernandes de Mattos, de um ano e sete meses, será decidido em um júri popular marcado para o próximo dia 12 de dezembro. Marcelo será julgado por homicídio doloso qualificado (quando há a intenção de matar e o crime é praticado contra uma vítima indefesa).
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Ele está detido no Presídio Regional de Joinville desde março do ano passado, depois que Ítalo foi levado em estado grave para o PA Norte, no bairro Costa e Silva, e depois ao Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria. O bebê não resistiu. O que teria acontecido antes da chegada de Ítalo às unidades de saúde é um mistério que ganha versões diferentes de acusação e defesa.
A alegação de Marcelo é a de que o menino foi vítima de um acidente ao cair de uma cadeira enquanto brincava com o notebook. Apenas Marcelo estava com o bebê na noite do suposto acidente – a mãe de Ítalo trabalhava. Com base em um laudo pericial particular, a defesa sustenta que algumas das lesões encontradas no corpo da criança aparentavam ser anteriores à data da morte.
Mas a denúncia do Ministério Público, amparada numa investigação policial que contou com a reconstituição dos fatos, reforça a tese de que Ítalo foi morto pelo padrasto.
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-Despido de qualquer sentimento de piedade, desferiu golpes contra o infante Ítalo Fernandes de Mattos – afirma a denúncia.
Depoimentos de profissionais que atenderam Ítalo no PA e no Hospital Infantil, assim como declarações de funcionários da funerária, também são mencionados pelo MP como indícios de que houve crime.
A perícia da investigação constatou que a causa da morte de Ítalo foi traumatismo craniano.
O laudo apontou, ainda, que as escoriações encontradas pelo corpo da criança, tanto na cabeça quanto nas pernas e costas, não poderiam ter sido provocadas por uma única queda. O pai de Ítalo, Leonardo Merino de Mattos, não acredita na versão de Marcelo e, inclusive, é representado por um advogado no processo que atua como assistente de acusação.
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Os advogados de Marcelo tentaram anular a decisão de levar o caso a júri, mas o Tribunal de Justiça negou o recurso.
Mãe se manifesta
A mãe de Ítalo, Michelly Fernandes, de 30 anos, manteve posição discreta sobre o caso durante todo o processo. Em entrevista a AN, em julho do ano passado, afirmou não ter opinião definida sobre o que aconteceu, mas poupou Marcelo de acusações e disse preferir acreditar que o companheiro não fez nada intencional contra Ítalo. Na sexta-feira, Michelly se manifestou novamente em um e-mail enviado à reportagem, desta vez sobre a futura sessão do júri.
-O Justo é que a dívida seja conforme a falha. O Marcelo não reconheceu a gravidade, a falta nesse caso foi a de não saber socorrer conforme necessário – escreveu.
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A expectativa da mãe é de que o júri desclassifique a condição de homicídio doloso (com intenção de matar) para culposo (sem intenção), o que minimizaria a pena numa eventual condenação.
-Infelizmente, aconteceu um trágico acidente com meu filho e o Marcelo e essa circunstância nos separa há um ano e oito meses. Meu filho faleceu e meu marido está preso, aguardando julgamento. Eu venho caminhando com a esperança que seja esclarecido devidamente o acidente – completou.