Partidos de oposição se reúnem nesta terça-feira à tarde, em Brasília, para articular uma estratégia e emplacar a criação de comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar denúncias que envolvem possível má gestão de negócios da Petrobras. Um dos principais pontos a ser definido é o caminho a tomar: resumir os trabalhos à Câmara ou ao Senado ou envolver as duas casas legislativas conjuntamente.

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Ainda não há consenso sobre qual a melhor opção. Para o vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), a oposição deve tentar dois caminhos. A primeira alternativa seria uma CPI mista, composta por deputados e senadores. A outra seria criar a comissão apenas no Senado.

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– Devemos redigir dois requerimentos e recolher duas assinaturas – propôs Alvaro Dias em discurso ontem na tribuna do Senado.

O vice-líder do PSDB é favorável a uma CPI mista, uma vez que seria instalada logo, sem precisar passar por votação no plenário. Além disso, parlamentares acreditam que o governo conseguiria derrubar com maior facilidade a tentativa de instalar a CPI apenas no Senado.

Deputados também estudam apresentar um pedido na Câmara, mas essa é a via mais difícil. Existem 12 pedidos de instalação de CPI por deputados. Por isso, além das assinaturas, seria preciso aprovar requerimento para furar a fila.

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O Planalto reforçou a operação para impedir a criação da comissão. Na tentativa de convencer os insatisfeitos da base de apoio governista a não aprovar a CPI, emissários do governo vão usar como argumento a sobrevivência política dos próprios aliados. O motivo é que Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras preso na semana passada na Operação Lava-Jato, é visto como “homem bomba”, que pode causar muitas vítimas se for convocado a depor no Congresso.

Costa foi indicado para a diretoria de abastecimento da estatal pelo PP, mas acabou “adotado” pelo PMDB e também pelo PT. Em conversas reservadas, deputados e senadores do PT afirmam que o maior problema, agora, não é a investigação sobre Pasadena, mas, sim, a possível descoberta das ramificações políticas do esquema controlado por Costa.

No Planalto, auxiliares da presidente Dilma Rousseff dizem ter certeza de que a CPI não passará porque ninguém da base aliada quer puxar esse fio da meada, nem mesmo o “blocão”, grupo que reúne sete partidos dispostos a criar dificuldades ao governo no Congresso.

Nesta segunda-feira surgiu novo ingrediente para as polêmicas envolvendo a estatal. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo apontou que a Petrobras teria deixado de cobrar dívida de US$ 20 bilhões da venezuelana PDVSA. Os recursos corresponderiam à participação da companhia da Venezuela na refinaria pernambucana Abreu e Lima. Segundo a Petrobras, o pagamento só deveria ser feito com a efetiva associação da PDVSA ao empreendimento, o que não ocorreu.

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