Pouco mais de cinco meses depois de zarpar de Navegantes com 17 marinheiros e afundar na costa entre São Francisco do Sul e Balneário Barra do Sul, num dos maiores naufrágios da história de Santa Catarina, A operação para a retirada do barco do fundo do mar foi realizada e o João G voltou para casa na tarde desta quarta-feira, em Navegantes, emocionando marinheiros, mergulhadores e até a equipe de resgate.

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O acidente foi na madrugada do dia 4 de setembro do ano passado, perto de um pequeno arquipélago entre as praias de São Francisco do Sul e Balneário Barra do Sul, matando cinco tripulantes – 12 homens conseguiram escapar da morte em um bote salva-vidas, remando no escuro durante quase toda a madrugada até a Praia Grande.Um dos marinheiros nunca foi encontrado.

A operação de retirada do barco do fundo do mar durou 16 dias ininterruptos. O Vô João G estava a 15 milhas – cerca de 24,4 quilômetros – da costa e a pelo menos 20 metros de profundidade. Uma equipe com mais de 20 pessoas, incluindo uma dezena de mergulhadores, inflou enormes balões de ar dentro e em volta da embarcação, que começou a flutuar no começo da semana. A operação foi concluída ontem à tarde, com os dois barcos – o da empresa Sulmar e o Vô João G – entrando no canal do rio Itajaí-açu por volta das 18 horas, lado a lado.

Os sócios da empresa J.Gonçalves, dona da embarcação, ainda não contabilizaram todos os prejuízos com o acidente, mas estimam que possa chegar a R$ 500 mil.

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Esta foi a segunda tentativa de retirar o barco do fundo do mar. No começo de dezembro, a equipe da Sulmar chegou a inflar alguns balões, mas a embarcação de ferro, com mais de 28 metros de comprimento, não flutuou. Logo depois, com base em uma denúncia de que poderia estar vazando óleo do barco, a Capitania dos Portos de São Francisco do Sul determinou a paralisação preventiva da operação. O vazamento não se confirmou e os trabalhos foram retomados no fim de janeiro. Os dias de sol intenso e água transparente foram fundamentais para o sucesso a retirada.

Segundo o armador Rainer Gonçalves, sócio da empresa J. Gonçalves e da embarcação, o motor do barco deve passar por uma manutenção completa nos próximos dias. O mesmo ocorrerá com a parte elétrica e toda a área refrigerada, onde eram transportados os peixes.

– Ainda não sabemos a situação do motor. Olhando assim, parece que ele está praticamente sem avarias – disse, ontem à tarde, em tom de alívio.

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Mas os momentos de comemoração deram lugar, também, à nostalgia e à saudade dos colegas que morreram. Dos cinco que desapareceram, quatro corpos foram encontrados. Um deles, o do marinheiro Carlos Alberto Souza, nunca foi resgatado e as chances de ele estar vivo são consideradas nulas.