A mudança de entendimento do Superior Tribunal Federal (STF), autorizando a prisão de pessoas condenadas até a segunda instância antes de terminarem todos os recursos da defesa, possibilitou que a Justiça de Jaraguá do Sul expedisse 12 mandados de prisão. O pedido foi feito pelo promotor da área criminal, Márcio Cota. Pelo menos 11 mandados foram cumpridos pela polícia na manhã desta terça-feira (1º).

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A maioria das prisões está relacionada à Operação Game Over, desencadeada em 2008 contra o jogo do bicho na cidade. Dois anos depois, nove pessoas, entre duas famílias de bicheiros e funcionários públicos, foram condenadas por vários crimes, alguns que até já prescreveram. Todos recorriam em liberdade a instâncias superiores – Superior Tribunal de Justiça e STF.

Foram presas a escrivã de polícia aposentada Dilva Dolzan e a ex-delegada Jurema Wulf. As duas funcionárias públicas e o filho de Dilva, que também ocupava cargo público, Édio Dolzan, foram condenados por corrupção passiva. As penas variam entre três e 13 anos de prisão. Apenas Édio não foi encontrado durante o cumprimento dos mandados realizados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e por agentes da Polícia Civil.

Também foram detidos José Wodzinsky, que, segundo o Ministério Público, era dono de uma das bancas de jogo do bicho; e os filhos dele, Vinicius José e Everson Wodzinsky, os dois condenados por corrupção ativa e formação de quadrilha. As penas variam de seis a sete anos de prisão nos regimes fechado e semiaberto.

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Réus podem recorrer

Os denunciados por serem envolvidos na banca rival, Ademir Bell, Curt Kuchenbecker e Walmir Lehmert, também foram presos nesta terça-feira (1º). Os três foram condenados por corrupção ativa. As penas variam de quatro a seis anos de prisão no regime semiaberto.

Além dos condenados pelo jogo do bicho, o Ministério Público pediu a prisão de Ivo Rasswailer, 42 anos, acusado de estupro, e dos irmãos Izaque Costa Silva e Mizael Costa Silva, condenados por um homicídio que ocorreu em 2010.

Todos foram levados para o Presídio Regional de Jaraguá do Sul. Embora a revisão do STF possibilite a prisão em segunda instância, os réus ainda podem conseguir que a prisão seja revertida em instâncias superiores.

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– Devo elogiar a decisão do STF por colocar o Brasil no patamar de países civilizados. Os EUA prendem em condenações de primeiro grau. Na Europa, a Justiça entende que no segundo grau a pessoa já deve ser presa. Só no Brasil precisava esperar até o último grau para a pessoa ser presa – disse o promotor Márcio Cota.

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Operação foi deflagrada em 2008

A operação que resultou na condenação de donos de duas bancas de jogo do bicho e funcionários públicos foi deflagrada em 2008, em Jaraguá do Sul. A investigação do chamado Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) do MP de SC resultou na identificação de uma quadrilha que explorava jogos de azar como videobingo, máquinas caça-níqueis e jogo do bicho em Jaraguá e Guaramirim.

Uma das suspeitas de envolvimento no esquema era Jurema Wulf, que na época ocupava a função de delegada regional em Jaraguá e titular em Guaramirim.

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Escutas telefônicas revelaram que a delegada protegia o jogo ilegal repassando informações sobre operações policiais.

A Operação Game Over resultou em denúncia contra 21 pessoas por envolvimento com jogos de azar, formação de quadrilha e corrupção. Pelo menos 12 foram presas durante a investigação.

Os crimes e as condenações

Funcionários públicos

– Dilva Dolzan, escrivã de polícia, foi condenada a cinco anos e 11 meses por corrupção passiva, no regime fechado; Jurema Wulf, ex-delegada de polícia, foi condenada a 13 anos e seis meses por corrupção passiva.

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Donos de banca

– José Wodzinsky, condenado a sete anos e seis meses por corrupção ativa e formação de quadrilha em regime fechado; Vinicius José Wodzinsky, condenado a seis anos e 11 meses por corrupção ativa e formação de quadrilha em regime fechado; Everson Wodzinsky, condenado a seis anos e dois meses por corrupção ativa e formação de quadrilha em regime semiaberto.

Donos de banca rival

– Ademir Bell, condenado a seis anos e dois meses por corrupção ativa no regime semiaberto; Curt Kuchenbecker, condenado a seis anos e dois meses por corrupção ativa no regime semiaberto; e Walmir Lehmert, condenado a quatro anos e oito meses por corrupção ativa no regime semiaberto.

Outras prisões

– Ivo Rasswailer, condenado a dez anos de prisão por estupro no regime fechado; Izaque Costa Silva, condenado por homicídio ocorrido em 2010; e Mizael Costa Silva, condenado pelo mesmo homicídio ocorrido

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em 2010.