Em entrevista à Agência RBS, o secretário estadual da Defesa Civil, Milton Hobus, garante que Santa Catarina está preparada, tanto do ponto de vista da infraestrutura como da organização para atuar em prevenção, a fim de enfrentar um alto volume de chuva em decorrência do El Niño nos próximos meses, caso a previsão se confirme.

Continua depois da publicidade

::: “A enchente não espera ninguém”, afirma engenheiro hidrólogo de Blumenau

::: Iminência do El Ninõ na primavera põe à prova sistemas de prevenção em SC

Agência RBS – Qual o foco da Defesa Civil do Estado neste momento?

Milton Hobus – É manter um bom serviço de informação e orientação das comunidades. Estamos alertando prefeitos e coordenadores de Defesa Civil para ter esse olhar da prevenção e estamos investindo em intervenções pontuais que beneficiam as comunidades nas chuvas. Recebemos o alerta do radar que neste fim de semana haverá chuva do Meio-oeste ao Litoral Sul, por exemplo. Como foram feitas pequenas obras preventivas ao longo do ano em áreas que apresentavam problemas pontuais, com as chuvas das últimas semanas foram poucos os problemas. São incluídas nessas ações limpeza, dragagem dos rios e drenagem pluvial. Em Camboriú, por exemplo, choveu bastante e os alagamentos eram recorrentes, mas como dragamos três rios, eles não encheram e não afetaram os moradores. Onde detectamos problemas pontuais, decorrentes de volumes acumulados de água, fizemos obras preventivas e percebemos que nas últimas chuvas ajudou bastante. Isso se repetiu em Meleiro, Caçador, Araranguá.

Continua depois da publicidade

Agência RBS – A ocupação da barragem de José Boiteux por índios há mais de um ano é um problema para a operação da barragem?

Hobus – No dia 1º de outubro haverá uma reunião com o governo estadual, índios e comunidade no Supremo Tribunal Federal para avançar nas negociações sobre as terras. Sinceramente, não tenho nenhuma preocupação com a operação da barragem. A principal questão é a de energia elétrica, já que inúmeros rabixos foram feitos por quem ocupou a estrutura. Mas poderemos revolver isso em um curto espaço de tempo. A barragem é muito grande e, se a gente precisar operar, temos tempo para tomar a decisão. Como o funcionamento dela é hidráulico e mecânico, dificilmente teremos problemas graves. Fizemos uma boa manutenção há dois anos e com a presença dos técnicos conseguiremos operar em poucas horas, já que teremos a previsão previamente. Na hora que tivermos a informação meteorológica de que teremos que operá-la, iremos fazer, nem que seja necessário levar o Exército para o local. Respeito o litígio dos índios até o momento que, por força maior, tivermos que tirá-los de lá para operar.

Agência RBS – O funcionamento das barragens de Taió e Ituporanga, que passam por ampliação, também está garantido?

Hobus – Independentemente da conclusão das obras ocorrer no fim do ano, as duas estruturas operam normalmente em qualquer condição, com a vantagem de a de Ituporanga já ter o acréscimo de volume de 93 para 110 metros cúbicos, protegendo as cidades do Vale do Itajaí.

Continua depois da publicidade

Agência RBS – A estrutura da Defesa Civil no Estado está adequada para enfrentar o El Niño?

Hobus – Teve uma evolução fantástica. Formamos o primeiro conselho dos municípios da Amerios (no Oeste) e quando algum desastre ocorrer, eles podem se ajudar entre si e a Defesa Civil vai arcar com essas despesas. Esta filosofia de ajuda mútua na hora do desastre ajuda na resposta e restabelecimento imediato das cidades. Queremos multiplicar isso em todas as associações de municípios do Estado. As cidades também estão se organizando e criando os próprios planos de contingência. Quando finalizarmos o sistema de alarme e alerta do Estado, todos os 295 municípios terão os planos e essas informações estarão em uma plataforma e as informações serão atualizadas em tempo real. No ano que vem, a Defesa Civil terá um novo momento.

Agência RBS – E como está o funcionamento do radar de Lontras?

Hobus – Operando 100% normal. Alertas estão sendo feitos nas últimas semanas com base nas informações do radar. Ele é um instrumento fundamental a curto prazo e para orientação preventiva. Como não cobre todo o Estado, queremos implantar o radar na região de Chapecó para ter cobertura de 97% do território catarinense. O governador Raimundo Colombo já autorizou a licitação da construção da torre e da compra do radar para o próximo mês. Ele será estratégico para pegar todas as frentes do Conesul. Queremos que ele esteja em funcionamento até o fim do ano que vem.