Em um ano de inflação controlada, sobrou para a energia e os combustíveis o papel de vilões na alta dos preços. Na conta de luz, o peso da mudança nas bandeiras tarifárias pressionou o bolso dos consumidores. O ajuste é reflexo do volume de chuvas e do nível dos reservatórios de hidrelétricas em 2017, que acaba obrigando o acionamento de usinas térmicas e aumento de custos de geração elétrica.

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Em relação ao preço da gasolina e do diesel, o impacto não é só apenas para os motoristas que precisam encher o tanque para se locomover, mas para toda a cadeia de transportes. O grupo teve um aumento de 4,31% na composição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), bem acima da média do indicador no período, de 2,70%.

Desde que a Petrobras decidiu adotar uma política de preços variável, relacionada com flutuações do mercado, os consumidores têm enfrentado uma montanha-russa de reajustes. Para o presidente da estatal, Pedro Parente, o aumento que chega na ponta não tem relação apenas com as decisões da companhia. Ele afirma que o aumento dos tributos tem um papel importante nessa escalada de preços. Mas não tem como deixar de relacionar um fato com o outro.

No aumento mais recente, anunciado na última sexta-feira de 2017, a Petrobras reajustou a gasolina em 1,7% e o diesel em 1,1% nas refinarias. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do litro da gasolina em dezembro em Santa Catarina estava cotado a R$ 3,989, com o pico registrado em R$ 4,127 em Florianópolis. Já o diesel está em R$ 3,224, com a Capital na dianteira e o litro do combustível custando R$ 3,419.

Para quem acompanha o desempenho da Petrobras no mercado, ainda é cedo para avaliar se a estratégia tem dado resultado. Rodrigo Macarenco, CFP Manchester Investimentos, afirma que desde a implantação da nova política, houve apenas uma divulgação de resultados, do terceiro trimestre de 2017. O desempenho acabou sendo muito impactado por programas de regularização tributária e provisões para contingências, tornando difícil avaliar se a nova política já esta sendo efetiva para a estatal.

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Para o analista, no entanto, a política é acertada, e a companhia poderá ter melhores resultados, uma vez que poderá repassar as variações do câmbio e do petróleo no mercado internacional para o preço de venda dos seus produtos. O início de 2018 ainda guarda uma incógnita. Segundo Macarenco, o inverno no hemisfério Norte está se mostrando rigoroso e isso pode ter algum impacto. Além disso, tanto a gasolina como principalmente o gás de cozinha tiveram os preços “distorcidos” nos últimos anos por políticas de subsídio do governo. Faz pouco tempo que o processo de ajuste nos preços começou, então é natural esperar ainda alguma volatilidade.

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