Em cadeia nacional, o presidente Michel Temer (PMDB) fez um pronunciamento às vésperas de Natal numa mensagem que misturou balanço de governo com campanha pela aprovação da reforma da Previdência. Para o peemedebista, não restaram dúvidas: em um curto espaço de tempo o governo colocou a economia em ordem, tirou o país da recessão e estabeleceu as taxas de juros mais baixas dos últimos anos.

Continua depois da publicidade

É verdade que o Banco Central reduziu a Selic a 7% ao ano, o menor índice da série. Quanto ao fato de o Brasil ter saído da recessão e a economia estar em ordem, ainda sobra espaço para questionamento. Quem atravessou 2017 com metas de venda e desempenho que dependiam do aquecimento da iniciativa privada é testemunha.

A atividade não voltou à velocidade de cruzeiro de outros anos. Os indicadores estão melhorando, é fato. E há uma expectativa de que as coisas entrem nos eixos. Mas ainda parece cedo para afirmar que tudo está bem.

Debates à parte, foi outro o trecho que mais causou indignação em quem estava no sofá de casa esperando a hora de atacar a ceia. Disse o presidente: “Já conseguimos baixar os preços dos alimentos e aumentar o poder de compra dos brasileiros. Está mais barato para comer, para vestir, para morar. Está mais barato para viver.”

Se olharmos para os indicadores de inflação oficiais, como o IPCA, o custo de itens básicos, como a alimentação, está mais leve. A expectativa é que ele fique abaixo de 3% neste ano e em 4% em 2018. E a explicação de que tivemos uma boa safra e que isso ajudou a derrubar o preço de cereais importantes na dieta nacional procede.

Continua depois da publicidade

Nunca os preços dos alimentos caíram tanto em um ano, uma retração de 5,25%. Feijão, carne e uma série de itens importantes na mesa dos brasileiros têm registrado quedas seguidas. Em Florianópolis, no entanto, o custo da cesta básica de novembro, calculada pelo Dieese, ficou como o terceiro mais alto do país, R$ 415. Mesmo com o alívio, a conta não fecha. Para manter uma família de quatro pessoas, o salário mínimo no país deveria equivaler a R$ 3.731,39 ou 3,98 vezes o piso nacional de R$ 937.

Ou seja, mesmo com deflação, quem precisa enfrentar o dia a dia com o contracheque sabe que o mês é mais longo do que o o salário. Isso sem falar nos preços dos combustíveis. Com a nova política da Petrobras, o litro da gasolina já ultrapassou a marca dos R$ 4. As notícias também não são das melhores na conta de luz, já que a previsão é de que deva subir 9% no ano que vem.

Por essas e por outras a gente continua na expectativa de que o país – e as pessoas, as empresas, os governos – acertem o rumo e reencontrem a tão esperada rota do crescimento. Quem sabe depois da esquina de outubro de 2018.

Mais Giro Financeiro:

Regras do acordo transpacífico

Cidades empreendedoras

Número de investidores em ações cresce 600%