Uma nova audiência de conciliação foi realizada na manhã desta quarta-feira no Tribunal Regional do Trabalho para tentar um acordo entre Setuf e Sintraturb e colocar fim à greve do transporte coletivo na Grande Florianópolis, que chega ao segundo dia. O encontro, porém, terminou sem uma solução. O desembargador Roberto Guglielmetto, que conduziu a audiência, lamentou que a decisão judicial de frota mínima não tenha sido cumprida pelo sindicato nesta manhã. Em audiência na noite de terça-feira, a Justiça determinou que os ônibus circulassem com frota mínima e horário de sábado, mas eles sequer saíram da garagem na manhã desta quarta.

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Como estão as negociações que levaram a greve do transporte coletivo na Grande Florianópolis

Ricardo Freitas, do Sintraturb, disse que foi uma decisão em assembleia e que seria logisticamente impossível de cumprir a determinação. Ele afirmou ainda que o setor patronal tem mais interesse na greve do que os trabalhadores e acusou o Consórcio Fênix de usar a paralisação para cobrar da prefeitura valores devidos. Waldir Gomes, do Setuf, disse que não existe interesse em greve, independentemente da dívida da prefeitura.

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O Ministério Público propôs que o município forneça o diesel e as empresas o desconto na passagem até que o impasse seja resolvido, em uma espécie de catraca livre, até que a negociação trabalhista avance. Para o desembargador, é importante colocar a frota na rua para, num segundo momento, discutir questões trabalhistas dos motoristas e cobradores.

O Sintraturb sinalizou querer avançar com a proposta do MP, mas com desconto de 50% na passagem para todos e a prefeitura e empresas custearem o diesel. Nesse caso, o estado de greve se manteria, mas o Sintraturb garantiria 100% dos trabalhadores atuando.

Prefeitura e Setuf pediram para discutir em particular se aceitariam a proposta de 50% de desconto na tarifa, dividindo o custo do diesel. Depois do debate, representantes da prefeitura afirmaram que, por impedimento legal, o município não pode atender a proposta do Ministério Público.

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Com isso, o Setuf fez uma nova proposta para o fim da greve: INPC integral para reajuste salarial e aumento real de 2% no ticket alimentação. O Sintraturb anunciou de antemão que categoria irá rejeitar a proposta, pois não atende as reivindicações dos trabalhadores. Os dirigentes do Sintraturb apresentaram a proposta para deliberação em assembleia às 16h, em que a oferta foi rejeitada por unanimidade. O sindicato quer ticket alimentação de no mínimo R$ 700, um aumento real de 20%. Uma nova audiência de conciliação foi marcada para as 18h30min, com as duas partes.

Waldir, do Setuf, disse ao fim da audiência que se reunirá à tarde com os representantes das empresas, mas afirmou que é difícil melhorar a proposta financeira. Ele também negou que as empresas estejam utilizando a greve para forçar a prefeitura a pagar a dívida de cerca de R$ 7 milhões.

Vinicius Cofferi, sevretário de Mobilidade Urbana, admitiu a dívida, mas explicou que a prefeitura não pode aceitar a proposta do MP porque, se arcasse com o custo do diesel, teria que tirar de outras áreas.

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O desembargador, ao fim do encontro, garantiu que, se não houver um acordo ainda nesta quarta-feira, vai tomar “medidas mais duras”.