Professores e colegas de Natan Felipe Vieira, assassinado aos 17 anos reforçaram a informação da polícia de que ele não tinha qualquer envolvimento com drogas ou com o crime. Natan foi assassinado a tiros logo depois de sair da escola Gertrudes Benta Costa, no bairro Petrópolis, em Joinville, na segunda-feira.
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– Horas antes de ele morrer, me enviou uma mensagem falando que queria pintar a quadra da escola. Ele estava sempre envolvido com as coisas da escola – disse o diretor.
Entre lágrimas, uma das colegas de Natan disse que ele não apenas não tinha envolvimento com facções criminosas, mas também não respeitava a autoridade imposta por esses grupos. Um dos professores disse que, embora não tivesse as melhores notas nem fosse um menino dos mais estudiosos, Natan se comportava como um adolescente típico que tem influência no grupo e que dificilmente levava desaforo para casa.
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– Ele tinha personalidade forte. Era difícil convencê-lo de algo – disse um dos professores que foi ao velório.
Segundo uma das colegas dele, Natan queria trabalhar para ter dinheiro e não depender dos pais. Logo que começou a namorar, o senso de responsabilide foi ficando mais evidente.
– Ele levava muito a sério a namorada, a família e não gostava que ninguém ficasse de brincadeira com isso – disse uma das colegas.

Ajuda dos moradores
A Polícia Civil chegou ao principal suspeito, um adolescente de 16 anos, ainda na tarde de segunda-feira, graças ao depoimento de uma pessoa que viu o momento dos tiros. Como é uma adolescente, a testemunha está sendo protegida pela polícia e pelos pais. Ela teria visto o adolescente se aproximar de Natan de bicicleta e atirar várias vezes.
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Foto teria motivado as discussões
Uma das fotos tiradas após o desfile do dia 7 de Setembro pode ter sido o estopim da briga que levou à morte de Natan. No desfile na avenida Beira-rio, o adolescente era um dos que estava desfilando no grupo que fez a homenagem ao colega David, morto no começo do mês.
Segundo o diretor da escola, no final do desfile professores a alunos fizeram várias fotos. Em uma delas, Natan estava ao lado de policiais militares que também desfilaram.
– A gente fez muitas fotos com a cavalaria, as motos, as viaturas – disse o diretor.
Porém, segundo o único suspeito do crime detido, outro adolescente de 16 anos, a postagem dessa imagem no Facebook de Natan começou a gerar uma série de conflitos. Além de escrever “o jeito é se unir”, Natam teria marcado um dos integrantes do Primeiro Grupo Catarinense (PGC).
A foto teria causado o primeiro conflito entre eles, mas não o único. Colegas de Natan teriam confirmado que o adolescente havia brigado antes de ser morto.
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A avó e a mãe do adolescente que foi apreendido como principal suspeito confirmaram à delegada Geórgia Marrianny Gonçalves Bastos, que os dois eram amigos de infância e cresceram juntos nas ruas do Morro da Formiga.
Segundo a responsável pela Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami), Natan não tinha atos infracionais antecedentes e não participava das ações da facção criminosa no bairro. A delegada deve ouvir outras testemunhas ainda na tarde desta terça-feira. A expectativa é entender se houve a participação de outros adolescentes na morte de Natan. Ele foi o 12º morador de Joinville com menos de 18 anos a ser morto apenas em 2016.