Em Barracão, cidade paranaense que faz divisa com Dionísio Cerqueira, Ivete Terezinha Marques já acolheu mais de mil refugiados em sua casa, mas há cerca de 20 dias parou de ajudá-los, por receio do vírus. Ela foi orientada na Polícia Federal a evitar um possível contágio com o ebola.

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– Me dói o coração, mas não posso assumir esse risco – disse.

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Ivete tem uma lanchonete no Terminal Rodoviário de Barracão, onde os primeiros três senegaleses chegaram há dois anos.

– Ele choravam e eu não entendia nada – disse.

Escrevendo e com gestos conseguiram contar que vinham da Argentina e que uma pessoa que faria o câmbio dos dólares tinha roubado eles. Com pena, ela cedeu a casa para eles dormirem. A partir desse gesto, os africanos começaram a indicar Ivete para os conterrâneos.

– Eles chegavam com minha foto e pedindo ajuda. Cheguei a ter 30 lá em casa na virada de ano – lembra.

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Ivete transformou a cozinha em alojamento. Ela recebeu algumas colaborações mas não se importava se eles tinham dinheiro ou não.

O senegalês Fallou Beige, que nessa sexta-feira foi na lancheria de Ivete, vindo da Argentina para São Paulo, confirmou que já recebeu “pouso”, jantar e banho por apenas R$ 10. Ele está há cinco anos no Brasil e trabalha como vendedor em São Paulo. Mesmo assim demonstra dificuldade em falar o português.

Na terça-feira passada mais três africanos de Guiné chegaram na fronteira e chegaram até a dormir na rodoviária. Eles pediram ajuda para Ivete, a quem chamam de “Mama África”. Mas, pelo temor dos últimos dias, ela não os recebeu.

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Suspeito de estar contaminado é levado ao RJ

Nesta sexta-feira, o missionário africano Souleymane Bah, de 47 anos, foi levado ao Rio de Janeiro para realizar exames e confirmar ou descartar a possibilidade de ele ter sido contaminado pelo vírus do ebola.

Nascido na Guiné, o homem pediu refúgio como perseguido político na superintendência da PF em Dionísio Cerqueira, no Oeste de Santa Catarina, no dia 23 de setembro.

Na noite desta sexta, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirmou que a febre de Bah havia baixado, indicando não se tratar do ebola. A expectativa é de que o exame, que confirmará ou descartará o diagnóstico, fique pronto até o início da manhã deste sábado.

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Entenda a doença:

O ebola é uma doença de notificação compulsória imediata, que deve ser realizada pelo profissional de saúde ou pelo serviço que prestar o primeiro atendimento ao paciente, pelo meio mais rápido disponível, de acordo com a Portaria No 1.271, de 6 de junho de 2014.

Todo caso suspeito deve ser notificado imediatamente às autoridades de saúde das secretarias municipais, estaduais e à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

A doença está relacionada à ocorrência de surtos de febre hemorrágica no continente africano desde 1976. Entre os sintomas estão hemorragia, vômito e febre.

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O ebola só é transmitida por meio do contato com o sangue, tecidos ou fluidos corporais de indivíduos doentes, ou pelo contato com superfícies e objetos contaminados. O vírus é transmitido quando surgem os sintomas.