O missionário africano de 47 anos, suspeito de estar contaminado pelo vírus ebola, ficou em um albergue de passagem em Cascavel, no Oeste do Paraná, por cerca de 18 dias antes de procurar atendimento médico.
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Trata-se de uma casa de passagem chamada Albergue Noturno André Luiz, localizado no bairro Parque São Paulo, gerida por uma entidade religiosa.
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Segundo a Secretaria de Saúde de Cascavel, Souleymane Bah chegou a dar dois endereços falsos (o primeiro de uma pensão, e o segundo, inexistente) antes de se chegar ao estabelecimento correto.
Kátia Pietsch, assistente social no albergue, afirma que ele estava no local desde o dia 21 de setembro. Embora tenha procurado um médico no dia 29, não apresentava nem relatou nenhum sinal de debilidade ou doença, relata a asssitente.
A última noite que Bah teria passado no albergue foi em 8 de outubro – no dia seguinte, procurou uma Unidade de Pronto-Atendimento.
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– Mesmo nos últimos dias em que ficou aqui, sempre estava sorridente, tranquilo – recorda Pietsch.
A ocupação do local costuma variar entre 20 e 50 pessoas. A instituição não-governamental é gerida por uma instituição filantrópica específica e tem como principal fonte de renda a Associação Espírita Irmandade de Jesus.
Kátia Pietsch explica que o local é comumente procurado por africanos que chegam ao Brasil pelo Paraná. Ontem, até 15 estrangeiros estavam albergados no André Luiz. Nenhum deles apresenta nenhum tipo de sintoma que possa ser relacionado ao ebola.
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– Eles costumam passar pouco tempo conosco. Vêm especificamente para trabalhar e, quando percebemos, já estão todos empregados – explica.
Com sintomas semelhantes ao da doença, Souleymane Bah foi levado na manhã desta sexta-feira ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro.
Nascido na Guiné, Souleymane Bah pediu refúgio como perseguido político na superintendência da PF em Dionísio Cerqueira, no Oeste de Santa Catarina, no dia 23 de setembro.
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Na noite desta sexta, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirmou que a febre de Bah havia baixado, indicando não se tratar do ebola. A expectativa é de que o exame, que confirmará ou descartará o diagnóstico, fique pronto até o início da manhã deste sábado.
Vigilância Sanitária acompanha saúde de albergados
Secretário de Saúde de Cascavel, Reginaldo Andrade afirma que as informações sobre a trajetória de Souleymane Bah no Brasil “ainda estão desencontradas”. Até o momento, não foi confirmado se o africano chegou a trabalhar no país.
Ontem, agentes sanitários e da Secretaria de Saúde estiveram no albergue André Luiz para repassar instruções aos funcionários do local. Albergados irão ter suas temperaturas medidas regularmente.
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– O aumento na temperatura é o primeiro sintoma que se manifesta – explica Andrade.

O Ministério da Saúde afirma que Bah teve contato com 64 pessoas desde que os primeiros sintomas apareceram, no dia 8 deste mês. Dois casais e outras 60 pessoas que estavam presentes na UPA estão em isolamento total, além de três funcionários que atenderam o imigrante.
Pacientes com suspeita em SC serão levados a Florianópolis
Uma nota do Governo do Estado de Santa Catarina minimizou a preocupação de habitantes de Dionísio Cerqueira, onde Souleymane Bah esteve entre os dias 21 e 23 de setembro para pedir refúgio ao governo federal.
Segundo a publicação assinada pela Secretaria de Saúde, mesmo que confirmada a suspeita de ebola, o paciente teria passado por SC apenas durante o período de incubação da doença, o que diminui o risco de contaminação em pessoas que tiveram contato com Bah antes de ele procurar atendimento médico.
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Segundo a Secretaria de Saúde, há dois hospitais de referência em Santa Catarina preparados para atender pacientes com suspeitas de ebola, ambos em Florianópolis: o Joana de Gusmão, para crianças, e o Nereu Ramos para adultos. Pacientes que apresentem o quadro clínico da doença em outras cidades devem ser transferidos imediatamente à Capital.
– Os hospitais estão preparados, mas é fundamental que suspeitas sejam notificadas tanto às autoridades municipais quanto estaduais para que o transporte seja realizado o mais rápido possível – alerta Eduardo Macário, diretor de Vigilância Epidemiológica em Santa Catarina.
Segundo Macário, a transferência a centros de saúde reconhecidos é um protocolo seguido em todos os Estados. Em Cascavel, por exemplo, o paciente ficou isolado em uma Unidade de Pronto-Atendimento por menos de 12 horas até ser transferido a um hospital de referência nacional em infectologia, no Rio de Janeiro.
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Equipamentos de proteção individual para as equipes que transportarão pacientes com suspeita de ebola já foram repassados às secretarias de saúde estaduais, incluindo a de SC. Segundo Macário, são equipamentos simples, “de rotina”, que custam até R$ 200, e também estão sendo adquiridos tanto pelo governo de SC quanto pelas prefeituras.
Além disso, toda semana, a Secretaria de Saúde de SC realiza videoconferências com prefeituras municipais, Samu, Gerências Regionais de Saúde, hospitais de referência, Ministério da Saúde e responsáveis por portos, aeroportos e fronteiras.
Em Dionísio Cerqueira, a Vigilância Epidemiológica de SC entrou em contato com autoridades e equipes de saúde que lidaram diretamente com o paciente. Segundo Eduardo Macário, é biologicamente impossível que o vírus tenha se disseminado na região, já que a doença se manifestou apenas nos últimos dias.
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– São as mesmas recomendações que foram feitas às outras cidades do Estado.
Entenda a doença:
O ebola é uma doença de notificação compulsória imediata, que deve ser realizada pelo profissional de saúde ou pelo serviço que prestar o primeiro atendimento ao paciente, pelo meio mais rápido disponível, de acordo com a Portaria No 1.271, de 6 de junho de 2014.
Todo caso suspeito deve ser notificado imediatamente às autoridades de saúde das secretarias municipais, estaduais e à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
A doença está relacionada à ocorrência de surtos de febre hemorrágica no continente africano desde 1976. Entre os sintomas estão hemorragia, vômito e febre.
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O ebola só é transmitida por meio do contato com o sangue, tecidos ou fluidos corporais de indivíduos doentes, ou pelo contato com superfícies e objetos contaminados. O vírus é transmitido quando surgem os sintomas.