Será decidido em júri popular o futuro do empresário denunciado por atropelar três pessoas e matar uma delas no último dia 9 de fevereiro, na região da Tapera, em Florianópolis. A juíza da Vara do Tribunal do Júri da Capital, Erica Lourenço de Lima Ferreira, determinou que Raulino Jacó Brüning Filho vá a julgamento pelos crimes de homicídio qualificado (perigo comum) mediante dolo eventual (quando se assume o risco de que o crime ocorra) e outras duas tentativas de homicídio com a mesma qualificadora, além dos crimes de omissão de socorro e embriaguez ao volante.
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A denúncia do Ministério Público aponta que o empresário dirigia embriagado e de forma perigosa, fazia manobras bruscas, forçava ultrapassagens, trafegava pelo acostamento e seguia em zigue-zague quando atropelou Edevaldo Veloso Amaro, 20 anos, na SC-405. Edevaldo não resistiu aos ferimentos. Rosângela Wosiak, 48 anos, e Camila Franceschetti, 18, também foram atingidas, mas sobreviveram.
O acusado foi detido em flagrante no dia da colisão e chegou a ficar preso preventivamente até abril, quando ganhou o direito de responder à ação em liberdade. Mesmo solto, ele tem de cumprir três medidas cautelares: proibição de dirigir até o julgamento da ação, obrigatoriedade de comparecer a todos os atos processuais e proibição de deixar a cidade por período superior a oito dias sem prévia autorização judicial.
A defesa do empresário deve recorrer da decisão de levá-lo a júri. Segundo o advogado Guilherme Gottardi, um dos três profissionais que representa Raulino no caso, detalhes da decisão ainda estão em avaliação, mas deve ser sustentada a tese de que ocorreu uma fatalidade.
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—Defendemos que não houve dolo, não houve intenção, enquanto o Ministério Público alega que havia intenção em causar a morte — aponta Gottardi.
A defesa busca declassificar a acusação para que o caso seja tratado como homicídio culposo (sem intenção de matar). Assim, a ação poderia ser redistribuída para outra vara criminal e receber sentença em gabinete, sem julgamento no júri. Nesse caso, uma eventual condenação também resultaria em pena mais branda.
Em depoimento, o empresário alegou ter bebido três cervejas no dia da colisão, uma manhã de terça-feira de Carnaval. Ele também disse que sentia sono na hora e cochilou no trajeto, acordando apenas ao passar por uma lombada, quando um cooler com bebidas virou dentro da caminhonete.
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O acusado ainda disse ter tentado ajeitar o cooler, mantendo uma das mãos no volante, e que acredita que nessa hora ocorreu o atropelamento — ele alega não ter percebido a colisão.