Era cerca de meio dia e meia desta quarta-feira quando as famílias que ocupavam o Loteamento Harmonia há 11 dias cumpriram a ordem judicial e desocuparam o local. Não houve confronto com os moradores, apesar da presença de grande número de policiais militares, que contaram com o apoio do helicóptero Águia, da cavalaria, da companhia de patrulhamento de Joinville, além de efetivos de Jaraguá do Sul.

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Mesmo saindo de forma pacífica, os ocupantes deixaram claro seu descontentamento com a medida e afirmaram que ficariam na rua, em frente ao loteamento, caso não encontrassem outro lugar para viver.

Perto do meio-dia, prazo máximo estipulado pelo juiz da Vara da Fazenda, Luciano Fernandes, para a saída dos moradores, as guarnições policiais chegaram em peso ao local. Os moradores aguardavam a decisão de um recurso, que tramitou em Florianópolis.

Ao meio-dia, a ligação da advogada que representa as famílias deu ânimo e esperança: ela pedia à juíza Cândida Inês Zoellner Brugnolli, que estava no local, para aguardar alguns minutos até que a decisão dos desembargadores fosse emitida. A juíza aceitou aguardar e entrou em contato com Tribunal de Justiça. Às 12h15, foi anunciada a negativa do recurso, mantendo a ordem de primeira instância para que os moradores deixassem o local.

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Em um bloco que andou unido, os moradores desceram a rampa que leva ao loteamento e aguardaram, já do lado de fora da corrente que antes impedia a entrada de estranhos no local. Oficiais de Justiça foram fizeram a vistoria em cada uma das 71 casas, conferindo se todos haviam de fato deixado o condomínio. A vistoria foi acompanhada pela Polícia Militar, que encarregou-se de entrar nas casas e arrombar as portas que estivessem trancadas. O oficial garantiu que as portas arrombadas foram identificadas e que os moradores não serão responsabilizados por esse dano.

À procura de um novo lar

Nos moradores, as expressões se dividiam entre as de tristeza e as de indignação ante o que consideraram uma injustiça. Alguns apenas resignaram-se:

– Espero que essa mobilização faça a diferença, chame atenção. Mas acredito que nosso sonho não acaba aqui _ avaliou Gelson dos Santos.

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Alguns moradores receberam a oferta para ficar na casa de amigos ou conhecidos. Outros acreditam que irão voltar para as antigas residência, apesar de precárias condições. Uma delas é Marli Aparecida dos Santos Silva. Sua casa no bairro Santo Antônio já foi interditada pela Defesa Civil devido às más condições. Quando há chuva forte, a indicação é que ela deixe o local. Além disso, o imóvel fica às margens de uma rodovia que deve ser asfaltada, o que a obrigaria a sair. Com a expectativa de ter melhores condições, ela uniu-se à ocupação.

Outra família não tem para onde voltar. No dia 4 de junho, a casa de Ernani Idalêncio e Daniela Siqueira foi totalmente destruída por um incêndio. Desde então o casal e seus quatro filhos dormiam a cada dia na casa de pessoas diferentes. No Harmonia, encontraram um lar seguro e confortável. Agora, não sabem a quem recorrer em busca de abrigo.