
Sobre a cama emprestada, ele aponta o que restou: um acolchoado e um cobertor. Acomodados em uma mesa próxima, mais dois cobertores doados passaram a compor o recém-iniciado patrimônio de Ademir.
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Nos sete dias em que a parte baixa do Vila Nova esteve inundada pelas águas do Rio Negrinho, o morador, que vive no local desde que nasceu, buscou abrigo no seu Fusca.
– Coloquei ele na parte mais alta do pátio, onde não pegou água – explica o aposentado, que preferiu não ir para um dos três abrigos da Prefeitura.
No Centro do município, área mais atingida pela enchente, entre as dezenas de pessoas que trabalhavam na limpeza dos imóveis e das ruas, o gari Dinor Borges dos Santos, 57 anos, sentia-se privilegiado pelo fato de não ter sido atingido pela enchente.
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– Graças a Deus na minha casa não entrou água. Mas muita gente ficou sem nada, não tem nem cama para dormir e precisam mesmo de ajuda – disse o trabalhador, sensibilizado com a situação de milhares de conterrâneos.
Na rua que margeia o Rio Negrinho no Centro, Regiane Pickisius, 33 anos, dona de uma loja, concluía a limpeza da sala com a ajuda de uma funcionária na manhã desta terça-feira.
– Eu não vou mais voltar para cá. Já tenho outra sala para alugar. Vou fazer promoção, vender as roupas a 50% ou 70% para poder comprar os móveis e mobiliar a nova loja – planeja a comerciante.
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Regiane conta que conseguiu salvar apenas as roupas. Como a água subiu muito rápido, devido a proximidade com o rio, ela não conseguiu retirar os móveis da loja recém-reformada e perdeu botas de couro, bolsas e bijuterias, que arriscou deixar na loja, apenas colocando em lugares mais altos.
A preocupação dela agora é em receber dos clientes. Para facilitar os pagamentos, ela vai montar um caixa na sala comercial que ainda ocupa.
– Eu, tenha Sol, chuva, enchente, pago os meus boletos. Fui para São Bento do Sul para conseguir pagar as minhas contas – disse Regiane.
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Prejuízos causados pela enchente em Rio Negrinho ultrapassam R$ 33 milhões
A inundação provocada especialmente pelas águas dos rios Negrinho e Serrinha destruiu pelo menos 200 unidades habitacionais, em sua maioria de madeira, e deixou mais de 900 residências precisando de reparos e limpeza.
Conforme o levantamento feito pela Defesa Civil do município, o qual deve ser enviado para Brasília ainda nesta semana, como forma de solicitar recursos federais para a reconstrução, serão necessários R$ 18,7 milhões para atender a população.
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Nesta terça-feira, a cidade contabilizava 153 desabrigados, nos três abrigos montados pela Prefeitura, e 4.900 desalojados, moradores que estão hospedados em casa de parentes e amigos.
– O nosso maior problema foi efetivamente na área urbana, na área rural os prejuízos ocorreram mais nas estradas e nas pontes – informou o engenheiro da Defesa Civil Rubens Mühlbauer.
Segundo Rubens, o sistema de captação de água do município vai precisar ser reconstruído, já que foi bastante comprometido pela força das águas. Apesar do problema, ele explica que não há falta da água em Rio Negrinho.
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– A gente está conseguindo manter o abastecimento por meio de manobras que estamos fazendo no sistema, para que ninguém fique sem água – afirma.
Outro setor com problemas é de tratamento de esgoto, já que grande parte da rede foi comprometida. Para consertar o sistema de abastecimento de água e de esgoto, a Prefeitura calcula que sejam necessários R$ 14,5 milhões.
Para acelerar o recebimento dos recursos federais, Rubens explica que a Defesa Civil do Estado está fazendo a análise de engenharia (os orçamentos) dos projetos por aqui. Assim, só vão necessitar de aprovação em Brasília, o que deve demandar menos tempo.
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