Apenas 26 anos e uma carreira que começaria no final deste ano, com a conclusão do curso de Engenharia Eletrônica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Esse era o horizonte do carioca Diogo Cuiabano Medeiros até o dia 28 de março, quando foi vítima de um crime bárbaro na casa noturna Fields, em Florianópolis. Nesta quarta-feira, familiares e amigos prestaram homenagens ao rapaz que consideravam reservado e companheiro. Cerca de 50 pessoas compareceram à missa, celebrada pelo arcebispo Metropolitano da Capital, Dom Wilson Tadeu Jönck, no Templo da Pastoral Estudantil da UFSC, no bairro Trindade, às 12h15.

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Vítima de agressão por Leonardo Pereira, de 21 anos, que atingiu o rapaz com um pedaço de vidro na casa noturna no fim de semana, Diogo não resistiu foi enterrado no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, na segunda-feira . A mãe, Flávia Cuiabano, reside na Capital fluminense, mas compareceu à missa desta quarta-feira e tomou a palavra por alguns minutos para lembrar do filho.

– Espero que ninguém mais esbarre na morte como meu filho esbarrou – lamentou Flávia, visivelmente abalada.

Mãe de Diogo homenageou o filho durante a cerimônia realizada nesta quarta-feira (Foto: Hyury Potter/RBS)

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A mãe já tinha se pronunciado através de uma rede social. No texto, elogiou o comportamento pacífico do filho. Para Dom Wilson Tadeu, essa mensagem é um sinal de que a tragédia que ocorreu com Diogo pode se transformar em uma símbolo de paz:

– Vivemos em um tempo onde há uma banalização da violência. Por isso, é importante que a gente entenda alguns significados. No caso do triste episódio que ocorreu com Diogo, a Flávia tratou como um sinal e acho que isso pode fazer brotar um compromisso de todos nós com a paz.

A cerimônia organizada pela Pastoral Universitária e pelo Diretório Central de Estudantes (DCE), contou com a presença da reitora da UFSC, Roselane Neckel. No final da missa, o padre William Vianna ainda fez um pronunciamento em favor da paz em ambientes de diversão jovem.

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O crime está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital, sob responsabilidade do delegado Ênio Mattos. Funcionários da casa noturna que prestaram atendimento a Diogo e outras testemunhas foram ouvidas desde segunda-feira. O processo de prisão já foi encaminhado ao Ministério Público de Santa Catarina, que deve aguardar o resultado dos depoimentos para oferecer a denúncia contra Leonardo. O agressor está preso na Penitenciária da Capital desde o começo da semana.

Corrente do bem

Colegas de turma, de estágio e os amigos que Diogo fez pela cidade que escolheu para fazer faculdade prestaram as últimas homenagens ao estudante que estava no último ano da graduação. Calouro de Diogo, Natan Votre é membro da Pastoral Universitária e foi um dos incentivadores da homenagem desta quarta-feira.

– O Diogo era um cara muito tranquilo. O tipo de pessoa que você não imagina se metendo em confusão. Ele era um menino bom – lembra Natan.

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Leonardo golpeou Diogo no pescoço com pedaços de um copo de vidro quebrado. Imagens do ferimento chegaram a circular por redes sociais. Amigos próximos da vítima fizeram um acordo entre eles para não ver ou repassar essa imagens, mas sim lembrar coisas boas sobre Diogo, como a música preferida do estudante carioca.

– Ele era fã da banda Foo Fighters e gostava bastante da música Everlong. Estamos compartilhando essa música para que todos lembrem dele de uma forma boa – conta uma amiga de Diogo, que preferiu não ter o nome revelado.

Além de Diogo, a missa celebrada no Templo da Pastoral Universitária de UFSC prestou homenagens a outros dois estudantes mortos: Cláudio Saturnino, que faleceu há duas semana em um acidente de carro; e Lylyan Karlinski Gomes, que morreu em 2013 atropelada enquanto pedalava próximo à universidade.

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